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SACUBITRIL/VALSARTAN DO PARADIGM-HF À PRATICA CLÍNICA NA CONSULTA DE MEDICINA INTERNA
Doenças cardiovasculares - Comunicação
Congresso ID: CO108 - Resumo ID: 704
Centro Hospitalar Tâmega e Sousa
Mariana da Cruz, Nuno Zarcos Palma, Gisela Vasconcelos, Lígia Santos, Margarida Cruz, Inês Oliveira, Ricardo Meireles
Introdução: Sacubitril/valsartan é responsável por dupla modulação neuro-hormonal:bloqueia o sistema renina angiotensina-aldosterona (SRAA) e inibe a neprilisina(ARNi). O doente idoso com pluripatologia seguido em Consulta Externa(CE)de Medicina Interna(MI), está pouco representado no PARADIGM-HF.
Objectivo: Caracterização da população e avaliação do perfil de segurança/eficácica do sacubitril/valsartan na prática clinica.
Métodos: Estudo longitudinal prospectivo observacional, iniciado em Dezembro de 2017. Incluídos pacientes seguidos em CE de IC de MI que iniciaram terapêutica com ARNi.O protocolo regista a caracterização do doente e avaliação do perfil do fármaco.
Resultados: Durante 15 meses foram observados 99 doentes com IC, num total de 164 consultas. Foi introduzido ARNi em 13%, em ambulatório. 53,8% mulheres, idade média 77,1+/-9,2 anos. Peso médio de 67.0+/-5.3 Kg. Katz médio de 5,6+/-0.4. Quanto a comorbilidades: HTA em 92%, dislipidemia em 85%, DM2 em 53,8%, obesidade grau 1 em 46%, hiperuricemia em 69%, SAOS em 7.7%, síndrome demencial ligeiro em 23.1%, anemia em 46%, ferropenia em 69%. FA permanente em 38%, todos eles hipocoagulados com anticoagulantes orais directos (NOAC). Relativamente à etiologia da IC, multifactorial em alguns casos: 5 isquémica, 8 hipertensiva, 3 valvular, 1 etanólica. Quanto à classificação morfológica a FEVE média é 29,8+/-6,5%. A terapêutica médica encontrava-se optimizada em todos os doentes:iECA/ARAII (dose equivalente<5mg de ramipril em 84,6%, e>5mg em 15,4%), 100% BB, 92,3% ARM. A dose de introdução foi 24/26mg em 11 doentes e 49/51mg em 2. Neste trabalho analisamos 10 doentes que completaram o seguimento até dose máxima tolerada. Tempo médio de seguimento de 9.4 meses. Metade da amostra tolerou a dose máxima 97/103mg, 4 doentes 49/51mg, e apenas um 24/26mg, o fator limitante foi em todos eles o perfil tensional. A média de eGFR(MDRD) prévia ao internamento foi 57,69+/-26.5 ml/min/1.73m2, e no final foi 67.16+/-17,9 mL/min/1.73m2, a média de potássio sérico manteve-se inalterada (4.6mmol/L). Simultaneamente a classificação funcional NYHA média diminui 0.7. Não houve necessidade de suspensão do fármaco. Um doente teve agudização da função renal com necessidade de internamento dada a sobreposição com ARAII. No período analisado, não se registou nenhum óbito.
Conclusão:Na CE de MI de IC os doentes são mais idosos e com mais comorbilidades que no PARADIGM-HF. A eficácia do fármaco está patente na redução de classe funcional NYHA. Foi verificada apenas1 intercorrência. Não houve óbitos, em contraste com uma mortalidade expectável de 12%. A segurança fica comprovada com aumento dos níveis de eGFR (MDRD) e sem hipercaliemia. O factor limitante para titulação foi a hipotensão. Os autores concluem que o fármaco é seguro e eficaz em doentes idosos com pluripatologia e polimedicados.