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NEOPLASIAS NÃO DEFINIDORAS DE SIDA – REVISÃO DE 10 ANOS
Doenças infeciosas e parasitárias - Poster com Apresentação
Congresso ID: PO055 - Resumo ID: 708
Centro Hospitalar do Baixo Vouga
Joel Pinto, Ana Martins, Daniel Coutinho, Sofia Nunes, Jorge Velez, Filomena Freitas, Célia Oliveira
Introdução: A introdução da terapêutica antirretroviral (TARV) de alta potência permitiu uma redução significativa da incidência de neoplasias definidoras de síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA). Contudo, verificou-se um aumento da incidência das neoplasias não definidoras de SIDA, sendo atualmente reconhecido o maior risco de desenvolvimento de várias neoplasias no contexto da infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH).

Objetivos: Determinação e caracterização da incidência de neoplasias não definidoras de SIDA na população de doentes infetados pelo VIH, seguidos num hospital distrital, entre 2007 e 2016.

Material e Métodos: Pesquisa, através da codificação clínica, de todas as neoplasias diagnosticadas em doentes com infeção pelo VIH. Consequente consulta dos processos clínicos para revisão de aspetos demográficos e epidemiológicos, características clínico-laboratoriais, esquemas terapêuticos e tempos de sobrevida.

Resultados: Após pesquisa identificaram-se 21 casos, correspondendo a aproximadamente 3% do total dos doentes seguidos nesse período de tempo. Destes, 86% eram do sexo masculino, 95% de raça caucasiana, com idade mediana de 50 anos aquando do diagnóstico da neoplasia e todos infetados por VIH1. O tempo mediano entre o diagnóstico da infeção pelo VIH e da neoplasia foi de 4 anos, sendo as localizações mais frequentes a orofaringe (19%), pulmão (14%), estômago, rim, fígado e órgãos genitais (10% cada). À data do diagnóstico de neoplasia, 67% dos doentes estavam sob TARV, com uma mediana de 7 anos de tratamento e controlo virológico em 43%, justificando-se estes valores reduzidos pela fraca adesão terapêutica de alguns doentes e pelo fato de em 19% deles o diagnóstico de infeção pelo VIH ter sido feito durante o estudo da neoplasia. Em 43% dos doentes foram identificados fatores de risco para neoplasia, sendo o tabagismo o mais frequente. No total, verificaram-se 52% de óbitos nesta população.

Conclusão: O aumento da incidência de neoplasias não definidoras de SIDA deve-se, em parte, ao aumento da esperança média de vida dos doentes infetados por VIH após a introdução da TARV de alta potência. Por outro lado, reflete também os efeitos diretos da infeção pelo VIH, quer pelo aumento da ativação do sistema imune como pela diminuição da vigilância imunológica, sendo fundamental o cumprimento de estratégias de prevenção, rastreio e vigilância nesta população de doentes.