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OSTEOARTROSE, INFEÇÃO RESPIRATÓRIA E DIABETES MELLITUS: UMA TRÍADE IMPROVÁVEL PARA O DESENVOLVIMENTO DE ARTRITE SÉPTICA POR GORDONIA SPUTI.
Doenças infeciosas e parasitárias - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG101 - Resumo ID: 711
Serviço de Medicina Interna, Hospital de Braga
Jorge Rodrigues, Rosa Cardoso, Margarida Monteiro, Manuela Vasconcelos, Carlos Capela
Doente de 64 anos, parcialmente dependente, com antecedentes de traumatismo cranioencefálico grave após acidente aos 30 anos, com sequelas cognitivas, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, doença pulmonar obstrutiva crónica e osteoartrose da anca esquerda é internado por síndrome hiperosmolar hiperglicémico em contexto de intercorrência infecciosa respiratória, a condicionar lesão renal aguda de provável etiologia pré-renal. Durante o internamento o doente desenvolveu queixas de dor na mobilização ativa e passiva da articulação coxo-femoral esquerda, associado a edema, calor e rubor. Por suspeita de envolvimento articular, realizada tomografia computorizada dos membros inferiores, que revelou destruição da cabeça femoral esquerda, com luxação e supradesnivelamento dos restantes segmentos ósseos, associado a volumoso derrame articular heterogéneo e com captação de contraste, aspetos que sugeriam artrite séptica. Neste contexto definiam-se ainda múltiplas coleções abcedadas, com bolhas de ar e captantes de contraste, comunicantes entre si, localizadas ao longo da vertente interna da coxa esquerda em praticamente toda a sua extensão longitudinal, tendo sido realizada drenagem ecoguiada e enviado amostra para estudo microbiológico. O doente iniciou terapêutica empírica com vancomicina, com diminuição sustentada dos marcadores de inflamação e infeção, sendo transferido para o serviço de Ortopedia. No estudo microbiológico, isolado posteriormente Gordonia sputi, confirmado por rastreio de DNA/RNA bacteriano da mesma amostra. O género Gordona é composto por bactérias corineformes isoladas de secreções respiratórias de doentes com patologia pulmonar. Provocam um amplo espectro de doenças, como infeções cutâneas, infeções respiratórias, osteíte e artrite em doentes imunocompetentes. O diagnóstico microbiológico é difícil, sendo a identificação do género e da espécie bacteriana obtida por métodos de sequenciação de RNA ribossómico.