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PANCREATITE SECUNDÁRIA A HIPERTRIGLICERIDÉMIA
Doenças digestivas e pancreáticas - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG102 - Resumo ID: 719
Hospital Garcia de Orta
Andreia Nunes, Rita Varudo, Inês Pimenta Rodrigues, João Alexandre Tavares, Carolina Oliveira, César Saura, Bianca Vaz, Isabel Fernandes, Rui Gomes
Homem, 49 anos, com hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia, síndrome de apneia obstrutiva do sono e doença bipolar sob terapêutica com bupropion e lítio. Sem hábitos alcoólicos. Recorre à urgência por quadro de dor abdominal intensa, generalizada, de instalação súbita após o almoço. Objetivamente com TA 91/62 mmHg e dor generalizada à palpação abdominal, sem reação peritoneal. Analiticamente com Leuc 21.400, Neutr 77.6%, PCR 0.68 mg/dL, Amilase 458 UI/L, sem citocolestase, mas referência a amostra hiperlipémica. TC-AP: “Pâncreas de dimensões aumentadas em toda a sua extensão, sem evidência de áreas de necrose. Densificação da gordura e exsudado inflamatório peri-pancreático, mais evidente adjacente à cabeça do pâncreas, estendendo-se ao espaço para-renal anterior direito e mesocólon transverso. Estes aspectos são compatíveis com pancreatite aguda”. Foi internado no Serviço de Medicina Intensiva para controlo metabólico e optimização analgésica assumindo-se pancreatite alitiásica. Da investigação etiológica verificou-se hipertrigliceridémia (HTG) de 4831 mg/dL, pelo que iniciou insulinoterapia e fez 4 sessões de aférese com saída de líquido lipémico (imagem) e redução progressiva dos triglicéridos (4831 -> 915 -> 813 -> 599 mg/dL). Os autores trazem este caso e imagens para ilustrar uma causa pouco frequente de pancreatite (1-14%). O risco de pancreatite aguda é significativo em doentes com triglicéridos >1000 mg/dL. A HTG pode ser secundária a diabetes, consumo de álcool, hipotiroidismo e fármacos (estrogénios, propofol, olanzapina, mirtazapina, tiazidas e beta-bloqueantes). Para o tratamento de pancreatite associada a HTG está indicada insulinoterapia para reduzir o stress associado à libertação de ácidos gordos dos adipócitos e promover o seu metabolismo nas células insulino-sensíveis. A aférese está indicada apenas em casos de HTG grave (> 2000 mg/dL), embora sem evidência clínica de redução da gravidade da pancreatite ou da mortalidade.