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PILEFLEBITE: COMPLICAÇÃO RARA DE INFEÇÃO INTRA-ABDOMINAL
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P596 - Resumo ID: 720
Centro Hospitalar Tâmega e Sousa
Mariana da Cruz, Nuno Zarcos Palma, Gisela Vasconcelos, Lígia Rodrigues dos Santos, Margarida Cruz, Ricardo Meireles
A pileflebite ou tromboflebite da veia porta (VP) é uma complicação rara, mas grave, de uma infeção intra-abdominal, exigindo um diagnóstico atempado para assim se iniciar antibioterapia de largo espectro o mais precocemente possível. No estudo etiológico devem ser pesquisadas condições de hipercoaguabilidade assim como trombofilias herdadas ou adquiridas.
Caso clínico: Homem, 47 anos, pedreiro, fumador, com dislipidemia. Quadro de febre, dor abdominal, anorexia, astenia e perda ponderal, com um mês de evolução, motivo pelo qual recorreu à urgência. Exame físico(EF): febril, dor à palpação do quadrante superior direito abdómen; sem outras alterações. Analiticamente: aumento dos marcadores inflamatórios, hiperbilirrubinemia ligeira, sem citólise, colestase discreta. Tomografia abdominal: trombose do tronco da VP estendendo-se para a porção proximal da veia mesentérica superior e ramo posterior da VP intrahepática. Espessamento circunferencial inespecífico no recto alto e algumas ansas de delgado proximais; apêndice ileocecal com calibre discretamente aumentado. Perante o quadro clínico assumiu-se pileflebite iniciando piperacilina/tazobactam e anticoagulação. Efetuado estudo etiológico alargado: microbiologias negativas; marcadores tumorais negativos; RMN abdominal a mostrar nódulo rim direito (biopsia:necrose de coagulação) e a documentar extensa recanalização da trombose; estudo endoscopico e ecocardiograma transtorácico: sem alterações; ATC HIV1/HIV2, HBV, HCV, CMV, EBV, brucella, ricketsia, leptospira: negativos; autoimunidade negativa; sem alterações sugestivas de processo hematológico.
Cumpriu seis semanas de antibioterapia, continuando sob anticoagulação. Na alta assintomático e sem alterações ao EF. Analiticamente com regressão dos parâmetros inflamatórios, normalização do perfil hepático. Reavaliado em diferentes ocasiões mantendo-se assintomático. Aguarda estudo trombofilia. Conclusões: A pileflebite é uma complicação rara, sendo o diagnóstico muitas vezes perdido devido à sua apresentação inespecífica. Os autores salientam, que dada a elevada taxa mortalidade desta entidade, esta deve ser considerada no diagnóstico diferencial nos doentes com sepsis abdominal para assim se iniciar tratamento dirigido atempadamente.