23

24

25

26
 
ENCEFALITE DE HASHIMOTO - UM CASO CLÍNICO
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - E-Poster
Congresso ID: P605 - Resumo ID: 734
Centro Hospitalar Barreiro Montijo
Magda Silva, Francelino Ferreira, Inês Rosa, Rúben Reis, Laurinda Pereira, Paula Pona, Anneke Joosten, Fátima Campante
Introdução: A Encefalite de Hashimoto (EH) ou Steroid-responsive encephalopathy associated with autoimmune thyroiditis é uma entidade imuno-mediada pouco frequente, que se caracteriza por alteração do estado de consciência, alteração do comportamento, crises convulsivas e tiroidite.
Caso Clínico: Apresentamos o caso de um homem leucodérmico de 48 anos de idade, com antecedentes de episódio de “alteração do comportamento” sic cerca de 3 anos antes do actual internamento, cuja investigação foi inconclusiva. Foi admitido no serviço de urgência 3 vezes em 3 meses por crises convulsivas tónico-clónico generalizadas e comportamento desadequado, desorientado, alternando com prostração. Sem contexto epidemiológico relevante ou história de consumos. No 1º internamento encontrava-se febril, sem outras alterações no exame físico e neurológico. Do estudo efectuado salienta-se: Tomografia Computorizada Crânio-Encefálica (TC-CE) sem alterações, líquor com proteinorráquia e exames culturais, serologias e toxicologia negativos. TSH 8,8 mU/L que foi interpretada em contexto de doença aguda, sem sinais de disfunção tiroideia. Admitiu-se possível encefalite viral (pesquisa de vírus neurotrópicos em curso) e teve alta com indicação para concluir terapêutica antiviral, desmame de corticoterapia e agendar Ressonância Magnética CE (RM-CE). No 2º internamento, cerca de 3 semanas depois, repetiu exames com resultados sobreponíveis aos anteriores, e acrescentou-se o estudo geral de auto-imunidade que foi negativo, e RM-CE que não revelou alterações. Mantinha TSH elevada com T4 livre normal. Teve alta orientado para consulta de Neurologia e indicação para desmame de corticoterapia. No 3º internamento, correlacionaram-se as manifestações neurológicas com a suspensão da corticoterapia. Foram pedidos os anticorpos anti-tiroideus, que apresentavam titulações elevadas, ecografia tiroideia que revelou alterações compatíveis com tiroidite, e ainda electroencefalograma que mostrou uma lentificação inespecífica. Anticorpos anti-NMDA, AMPA, GABA-A e B negativos. Foi medicado com corticóide e levetiracetam, sem novos episódios.
Discussão: A EH apresenta um grande espectro de apresentações clínicas, sendo um diagnóstico de exclusão e de suspeição. O caso salienta a marcha diagnóstica na exclusão de causas infeciosas, tóxicas, metabólicas e cerebrovasculares, até à associação com doença auto-imune-tiroideia e a resposta clínica aos corticóides. Alertamos para o hipotiroidismo subclínico, muitas vezes desvalorizado, que neste caso era uma pista fundamental no diagnóstico.