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TUBERCULOSE PERITONEAL
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P505 - Resumo ID: 742
Centro Hospitalar Tâmega e Sousa
Nuno Zarcos Palma, Mariana da Cruz, Dinis Sarmento, Ligia Rodrigues dos Santos, Margarida Cruz, Rita Ferraz, Vitor Fagundes, Lindora Pires, Mari Mesquista
Introdução
A tuberculose abdominal representa 5% de todos os casos de tuberculose, podendo atingir o trato gastrointestinal, peritoneu, gânglios linfáticos e órgãos sólidos. O atingimento peritoneal cursa com implantes tuberculosos no peritoneu, que exsudam líquido proteico e consequente formação de ascite. A mortalidade é variável, entre 8-50%. O atraso no inicio de tratamento está associado a taxas de mortalidade mais elevadas.

Caso clínico
Apresentamos uma mulher de 36 anos, natural de Marrocos, previamente saudável, recorre ao serviço de urgência por quadro de dor abdominal, distensão abdominal e febre com 1 mês de evolução.
Ao exame físico objetivada ascite de grande volume grau 2, sem estigmas de hepatopatia crónica. Analiticamente com elevação de paramentos inflamatórios sistémicos. No tomografia computadorizada abdominal descrita ascite de grande volume, espessamento de ansa intestinal e implantes peritoneais. A análise do líquido ascítico incompatível com hipertensão portal, leucocitose com predomínio de linfócitos e ADA elevado. Assumida peritonite tuberculosa como diagnóstico presuntivo. Restante estudo sem evidência de neoplasia oculta. Realizada biópsia peritoneal ecoguiada com BAAR negativo, micobacteriológico negativo e pesquisa de células malignas negativo. Face à ausência de confirmação etimológica e manutenção de implantes peritoneais progrediu-se para laparoscopia exploradora com biópsia de peritoneu. Foi necessário converter em laparotomia por perfuração de ansa de delgado e descrito como abdómen congelado no relato cirúrgico. Como complicação pós operatória: abcesso intra-abdominal, tendo sido drenado e cumprido ciclo de antibioterapia com piperacilina e tazobactam, com evolução favorável. A amostra cirurgia de peritoneu apresentou BAAR e micobacteriológico negativo, no entanto o teste de reacção de polimerase em cadeia (PCR) do DNA do Mycobacterium tuberculosis foi positivo. Confirmando-se assim o resultado de tuberculose peritoneal e mantendo tratamento com isoniazida, etambutol, pirazinamida e rifampicina. Após a alta com melhoria clínica, mantendo seguimento em consulta no Centro de Diagnóstico Pulmonar, Infecciologia e Medicina Interna.

Discussão
Os autores ogstariam de sublinhar a busca pela confirmação laboratorial de diagnostico presumptivo. A persistência no estudo complementar permitiu confirmar o diagnóstico de tuberculose. A confirmação histológica é fulcral tratando-se de uma patologia tratável, com diagnósticos diferenciais com tratamento e prognóstico muito diferentes.
Quer a abordagem holística da Medicina Interna que a discussão clínica entre especialidades (Infecciologia, Oncologia, Imagiologia, Cirurgia Geral) foram a chave para a resolução desde desafio clínico.