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CARACTERIZAÇÃO E FACTORES DE MAU PROGNÓSTICO EM DOENTES COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL NUMA ENFERMARIA DE MEDICINA INTERNA
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - Comunicação
Congresso ID: CO153 - Resumo ID: 746
Serviço de Medicina 2.1, Hospital Santo António dos Capuchos, Centro Hospitalar Lisboa Central
Cláudia Janeiro, Rita Santos, João Teixeira, Pedro Mesquita, Rosário Eça, Raquel Mesquita, Luís Vale, Helena Monteiro
Introdução: As doenças cerebro-cardiovasculares constituem a principal causa de morte em Portugal, representando um alvo de grande atenção por parte dos profissionais de saúde. Em 2014, só o acidente vascular cerebral (AVC) isquémico representou cerca de 20 mil episódios e 250 mil dias de internamento. Tem-se assistido a uma melhoria dos indicadores destas patologias, resultado de uma acção combinada das medidas preventivas, da organização dos serviços de saúde e funcionamento adequado das Unidades de Intervenção em articulação com o sistema de assistência pré-hospitalar de emergência (Vias Verdes AVC e Coronária).
Objectivos: Caracterização da população numa enfermaria de Medicina Interna com diagnóstico de AVC e principais factores associados a mau prognóstico.
Métodos: Análise retrospectiva dos internamentos numa enfermaria de Medicina Interna por AVC de Janeiro de 2014 até Dezembro de 2016 por consulta de processo clínico. Foram recolhidos dados demográficos, antecedentes clínicos e resultados de exames imagiológicos. O prognóstico foi avaliado consoante o grau de dependência e ocorrência de falecimento, pelo que considerou-se mau prognóstico um valor de Rankin superior a 3 à data de alta. Efectuou-se estudo estatístico descritivo, análise uni e multivariável recorrendo ao software SPSS para caracterização destes factores.
Resultados: Foram incluídos 177 doentes, 55% mulheres, idade média 77 +- 11 anos. O AVC isquémico correspondeu a 85% dos casos e os factores de risco vascular mais frequentes foram a hipertensão (87%), dislipidemia (53%) e diabetes (34%); 26% dos doentes apresentava fibrilhação auricular mas apenas 8,5% estava sob anticoagulação. A duração de internamento foi de 14 +- 12 dias, com Rankin 3 +- 2 à data de alta e mortalidade 9,6%.
A análise estatística univariável mostrou que o sexo feminino, idade, dislipidémia, diabetes, fibrilhação auricular, hemisfério direito, complicações infecciosas no internamento e internamento prolongado são factores de mau prognóstico (p<0,05). A análise multivariável mostra que, à excepção do hemisfério direito e da idade, o sexo feminino (OR(95% IC)= 2,4 [1,144-5,169], p= 0,021), dislipidemia (OR (95% IC)= 2,25 [1,071-4,729], p=0,032), diabetes (OR (95% IC)=2,42 [1,114-5,270] , p=0,026), fibrilhação auricular (OR (95% IC)=2,525 [1,103-5,776] ,p= 0,028), tempo de internamento (OR (95% IC)=1,05 [1,008-1,087] , p=0,018) e complicações infecciosas no internamento (OR (95% IC)=8,63 [3,339-22,309], p<0,001) são factores que agravam significativamente o prognóstico do doente com AVC nesta população.
Conclusão: Os dados obtidos encontram-se de acordo com a literatura, destacando-se a importância do controlo dos factores de risco cardiovascular, dado que para além de serem altamente prevalentes na população com AVC, estão também associados a pior prognóstico, nomeadamente maior grau de dependência à data de alta ou morte.