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PNEUMONIA ORGANIZATIVA CRIPTOGÉNICA – UMA BOA NOTÍCIA
Doenças respiratórias - E-Poster
Congresso ID: P823 - Resumo ID: 749
CHPVVC
Vera Seara, Marta Rafael Marques, Susana Marques de Sousa, Luciana Faria, Catarina Patronillo, Cristina Marques, Teresa Pinto
A pneumonia organizativa criptogénica (POC) é um síndrome clínico-patológico, com curso indolente. Existe uma incidência aumentada na 5ª-6ª décadas de vida. O início da terapêutica dirigida depende da gravidade dos sintomas, do envolvimento pulmonar e da evolução clínica.
Os autores relatam o caso de um homem de 45 anos, camionista, autónomo, com antecedentes patológicos de hipertensão arterial não medicada e esteatose hepática moderada. Negava hábitos tabágicos, etílicos, tóxicos e medicamentosos. Dirigiu-se ao serviço de urgência com um quadro com cerca de 9 dias de evolução, caraterizado por odinofagia, febre, tosse com expetoração seromucosa e por vezes hemoptóica, dor torácica de caraterísticas pleuríticas, dispneia para pequenos esforços e perda ponderal >10% (6kg em 9 dias). Nega história epidemiológica relevante.
Ao exame objetivo destaca-se perfil tensional elevado, febril, com broncospasmo à auscultação pulmonar, presença de adenopatias cervicais anteriores bilaterais dolorosas à palpação e na observação da orofaringe, rubor generalizado e um raro exsudado purulento pontilhado na amígdala esquerda. Do estudo complementar, salienta-se elevação dos parâmetros inflamatórios e hipoxémia na gasimetria arterial. Realizou Angio-TC tórax, que mostrou a presença de vários nódulos bilaterais dispersos, sugestivos de lesões secundárias.
Internado no serviço de Medicina Interna para estudo de neoplasia oculta e tratamento da infeção do trato respiratório alto. O estudo adicional por TC TAP, não mostrou novos achados, a broncofibroscopia e aspirado brônquico não revelaram sinais de malignidade e a abordagem por biópsia pulmonar transtorácica guiada por TC, mostrou aspetos morfológicos compatíveis com pneumonia organizativa criptogénica. O quadro evoluiu favoravelmente com a antibioterapia empírica, com regressão da clínica, sem necessidade de instituição de corticoterapia. Reavaliado em ambulatório aos 3 meses, na TC tórax, constata-se a involução das lesões previamente objetivadas. Seis meses após o internamento, o doente manteve-se com bom estado geral, assintomático, provas funcionais respiratórias sem alterações e desaparecimento das lesões no estudo de imagem.
A POC é uma forma idiopática, devendo ser um diagnóstico de exclusão. A terapêutica com corticóide pode ser protelada se evidência de boa evolução, mantendo apenas vigilância. O prognóstico é favorável, com resolução clínica, funcional e radiológica.