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PREVENIR NÃO FOI O MELHOR REMÉDIO
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG109 - Resumo ID: 767
Hospital José Joaquim Fernandes, Beja
Paulo César, Pedro Fortes, Catarina Graça, Vera Guerreiro, José Vaz
INTRODUÇÃO: Homem, de 63 anos de idade, autónomo. História pessoal de hipertensão arterial, bloqueio incompleto de ramo direito e volvo intestinal submetido a cirurgia. Recorreu ao SU por desequilíbrio com 2 dias de evolução. Ao exame objetivo encontrava-se vígil, orientado e colaborante. Hemodinamicamente estável, euglicémico, apirético e eupneico. Ao exame neurológico destacava-se: agrafia, hemiparesia direita de com força muscular de grau 4, com desequilíbrio da marcha para direita, sem dismetrias nas provas dedo-nariz e calcanhar-joelho, reflexo cutâneo plantar em flexão bilateralmente. Neste contexto realizou TC-CE (fig 1 e 2) que demonstrou hematomas subdurais subagudos bilaterais, ambos com espessura de cerca 26mm, com efeito de massa importante e diminuição dos ventrículos cerebrais.
Segundo o doente, há 2 meses ocorreu episódio de síncope com traumatismo craniano e amnesia para o evento. Foi trazido ao SU, onde efetuou TC-CE que não revelou imagens sugestivas de lesões hemorrágicas intra ou extra-axiais, agudas ou crónicas e sem sinais de lesões isquémicas agudas e crónicas, sem outras alterações relevantes. Realizou ECG sem alterações relevantes. Análises sem alterações relevantes. Assumiu-se quadro de provável síncope vaso-vagal, tendo sido orientado estudo cardiovascular para ambulatório e consulta externa e iniciada terapêutica com ácido acetilsalicílico (AAS) 150mg. Alta clínica após 24h de vigilância.
Perante a sintomatologia e a dimensão dos hematomas subdurais bilaterais, o doente foi transferido para Neurocirurgia para tratamento cirúrgico.
Este caso clínico demonstra a importância do médico ponderar as possíveis iatrogenias associadas às atitudes terapêuticas que decide efetuar. As recomendações para a utilização AAS na prevenção secundária de eventos isquémicos são claras e estudos mais recentes demonstraram que os eventuais benefícios da sua utilização na prevenção primária em doentes de risco, igualavam os riscos de eventos hemorrágicos.