23

24

25

26
 
CARCINOMA EPIDERMOIDE DA PLEURA – UMA ENTIDADE RARA
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P673 - Resumo ID: 788
Hospital de Braga
Rosa Margarida Cardoso, Jorge Rodrigues, Margarida Monteiro, Manuela Vasconcelos
Introdução: As neoplasias ocultas são uma entidade comum, representando 4-5% das neoplasias avançadas. O carcinoma epidermoide, raro na ausência de tumor primário evidente, traduz 5% de todas as neoplasias ocultas.
Caso clínico: mulher 39 anos; antecedentes irrelevantes; sem medicação. Recorre ao serviço de urgência (SU) por astenia, 1 mês evolução e dispneia em agravamento. Previamente avaliada por médico assistente, fez 2 ciclos de antibioterapia (assumida infeção respiratória). Sem sintomas constitucionais. Ao exame objetivo: pálida; taquicárdica; auscultação pulmonar: diminuição do murmúrio vesicular na base esquerda. No SU: gasimetria arterial com alcalose respiratória, hiperlactacidémia (3mmol/L); elevação de proteína C-reativa, leucocitose e neutrofilia; citólise, sem colestase; radiografia tórax com opacidade na base esquerda; eletrocardiograma com taquicardia sinusal (130 bpm). Tomografia toraco-abdominopélvica com contraste: derrame pericárdico de espessura 25mm; derrame pleural bilateral, mais volumoso à esquerda; zonas de espessamento pleural, a maior de 3cm; adenopatias mediastínicas. Avaliada por Cardiologia, com ecocardiograma transtorácico: derrame pericárdico de grande volume, com repercussão hemodinâmica; realizada pericardiocentese (saída 650cc líquido serohemático). Procedeu-se a toracocentese diagnóstica: líquido sero-hemático turvo; ADA negativo; compatível com exsudado (critérios Light); mico e microbacteriológico à posteriori negativos. No internamento: estudo analítico alargado sem alterações de relevo; citologia do líquido pleural e pericárdico negativa para células neoplásicas. Realizada biópsia ecoguiada de espessamento pleural: carcinoma epidermoide, origem indeterminada. Avaliada por Otorrinolaringologia e Ginecologia, realizado estudo endoscópico, ecografia mamária e broncofibroscopia sem alterações. PET-Scan: extenso envolvimento pleural por patologia hipermetabólica maligna. Repetiu biópsia pleural, colheita de vários fragmentos de diferentes locais: carcinoma epidermóide pouco diferenciado. Assim, na ausência de representação de neoplasia com diferenciação mesotelial e sem evidência de carcinoma epidermoide em outra topografia anatómica, levantada hipótese de se tratar de carcinoma epidermoide primário da pleura. Em consulta de grupo de Onco-Pneumologia foi assumido esse diagnóstico e realizado estudo genético com expressão de PDL-1 e mutações no gene EGFR, ambos negativos. Iniciou quimioterapia (carboplatina+paclitaxel), com avaliação por PET após 3º ciclo (mantém envolvimento pleural extenso, com redução da intensidade de captação).
Discussão: O carcinoma epidermoide da pleura é raro. Os casos descritos na literatura são em doentes com história de tuberculose, com envolvimento pleural e/ou fistula pleuro-cutânea após toracocentese. No caso apresentado nenhuma destas condições se verificou, pelo que o único fator etiológico possível para o seu desenvolvimento possa ter sido a metaplasia escamosa do mesotélio.