João Patrocínio, Bernardo Neves, Anabela Raimundo, Daniel Ferreira, Vanessa Sousa, Alexandra Bayão-Horta
Introdução
Os fibroelastomas papilares são tumores cardíacos primários pouco frequentes, estimando-se uma prevalência de 1-7,9% de todos os tumores cardíacos. Surgem maioritariamente nas válvulas cardíacas, mais frequentemente na aórtica e mitral, sendo as manifestações clínicas mais comuns o AVC e o AIT.
Caso clínico
Apresentamos o caso de uma mulher de 85 anos que recorreu ao hospital por quadro de 2 dias de evolução de dispneia de origem súbita com início após manobra de Valsalva, sem outras queixas. Tinha como antecedentes doença renal crónica e uma massa na válvula tricúspide sugestiva de fibroelastoma papilar, documentada incidentalmente em ecocardiograma realizado 4 anos antes. Nessa altura foi-lhe proposta cirurgia cardíaca e anticoagulação tendo a doente recusado ambos.
No exame objetivo apenas se destacava taquipneia. Realizou cintigrafia ventilação/perfusão pulmonar que mostrava defeitos de perfusão bilaterais compatíveis com embolia pulmonar, pelo que se iniciou terapêutica com heparina de baixo peso molecular. Durante o internamento foi realizado ecoDoppler dos membros inferiores que não evidenciava sinais de trombose venosa profunda. O ecocardiograma transtorácico não mostrava a massa na válvula tricúspide, tornando o fibroelastoma papilar a causa mais provável de embolia.
Discussão
O fibroelastoma papilar é um tumor cardíaco raro e que raramente se localiza na válvula tricúspide. As características ecocardiográficas permitem muitas vezes assumir um diagnóstico presuntivo, sendo, no entanto, necessária ressecção cirúrgica para estabelecer o diagnóstico definitivo e prevenir possíveis consequências futuras.
A embolia pulmonar é, portanto, uma complicação rara mas possível deste tumor.