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KLEBSIELLA: DA URINA À VÁLVULA
Doenças cardiovasculares - E-Poster
Congresso ID: P146 - Resumo ID: 801
Unidade Funcional Medicina 4 - Hospital Santa Marta - Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa, Portugal
Lourenço Cruz, Diogo Antão, Torcato Moreira Marques, Valentina Tosatto, Marcos Mesquita, Cristiano Cruz, Paula Nascimento, Zsofia Vesza, André Almeida, Rita Barata Moura, António Guerreiro
Introdução
Todos os doentes com próteses valvulares cardíacas têm alto risco de desenvolver endocardite infeciosa, incluindo os submetidos a implantação por via percutânea (TAVI). Nestes casos, a incidência é de 0,5% no primeiro ano e a mortalidade intrahospitalar para esta entidade é de cerca 50%.
Descrição
Apresentamos o caso de uma mulher de 86 anos submetida a TAVI por estenose aórtica, 3 semanas após a qual é internada por pielonefrite com bacteriémia e isolamento de Klebsiella pneumoniae multissensível, cumprindo antibioterapia dirigida com erradicação do microorganismo. Desde então, nos 6 meses seguintes é internada mais 4 vezes (total de 5) por recorrência de bacteriémia ao mesmo agente (no segundo internamento, com perfil produtor de ESBL), cumprindo antibioterapia dirigida em cada um, documentando-se de todas as vezes erradicação da bactéria. Realizado estudo na tentativa de identificar possível foco infecioso, realizando TC toracoabdominopélvica, colonoscopia esquerda e PET, todos inconclusivos. No 4º internamento repete-se estudo com colonoscopia total sem alterações relevantes. Finalmente, foi realizado ecocardiograma transesofágico onde se identificou abcesso periprotésico, cujas dimensões vieram aumentaram em reavaliação posterior. Prolongada por isso a antibioterapia para 8 semanas. Três semanas após término da mesma, novo quadro febril com isolamento da mesma bactéria, sendo reinternada pela 5ª vez. Nesse internamento foi avaliada para eventual tratamento cirúrgico ou extracção percutânea da prótese, que se concluiu comportar um risco de morbi-mortalidade proibitivo. Após resolução do quadro, optou-se por instituir antibioterapia de longa duração.
A bactéria Klebsiella penumoniae é um agente patogénico maioritariamente nosocomial frequentemente associado a infecções das vias urinárias e aéreas. Nesta doente, causou uma endocardite infeciosa recorrente por abcesso perivalvular nos 6 meses que sucederam a TAVI, com provável porta de entrada inicial por via urinária.