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QUANDO “O APERTO” SE MANTÉM NA PERICARDITE CONSTRITIVA.
Doenças cardiovasculares - E-Poster
Congresso ID: P158 - Resumo ID: 78
Serviço de Medicina Interna do Hospital de Vila Real - Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
Joana Almeida Calvão, Mónica Dinis Mesquita, Fernando Salvador, Paula Vaz Marques
Introdução: A pericardite constritiva (PC) resulta da perda de elasticidade do pericárdio. É uma entidade crónica que pode decorrer de qualquer insulto, sendo a sua etiologia frequentemente indeterminada.
Caso Clínico: Mulher de 75 anos com antecedentes pessoais de hipertensão arterial essencial, dislipidemia, diabetes mellitus tipo 2, adenocarcinoma do endométrio submetida a intervenção cirúrgica, bradi e radioterapia, sem recidiva. Internamento em 2015 no Serviço de Medicina Interna por dispneia para pequenos esforços e dor torácica concomitante. Realizado ecocardiograma transtorácico (ecoTT) com evidência de insuficiência tricúspide severa, dilatação severa das câmaras direitas, função sistólica do ventrículo esquerdo (FSVE) conservada e depressão sistólica ventricular direita; angio-TC com exuberantes calcificações do pericárdio, sem tromboembolismo pulmonar. Suspeita de PC, pelo que realizou coronariografia (CC) direita que não confirmou tal entidade. Simultaneamente, despistadas patologias autoimunes, infeciosas, neoplasia ativa ou trauma prévio. Teve alta melhorada e posterior seguimento em Consulta Externa, com progressivo agravamento da dispneia que era, contudo, atenuada com ajustes terapêuticos. Solicitado novo ecoTT com fisiologia sugestiva de pericardite constritiva e FSVE preservada. Em reunião multidisciplinar propôs-se manter seguimento e ponderar referenciação para cirurgia cardíaca se agravamento clínico. Vários internamentos subsequentes por Insuficiência Cardíaca (IC) descompensada por progressão da doença, repetiu CC direita com equalização das pressões telediastólicas do ventrículo esquerdo e direito, exuberante calcificação pericárdica consistente com pericardite constritiva. Proposta para pericardiectomia e submetida a pericardiectomia antefrénica bilateral a 04/2018. Manteve dispneia em repouso e classe funcional III-IV da NYHA e iniciou ciclo de levosimendan com boa resposta clínica. Posteriormente novo internamento por IC descompensada com necessidade de novo ciclo de levosimendan. Foi proposta perfusão do fármaco segundo o protocolo Lion-Heart, com significativa melhoria clínica. Concomitantemente no ecoTT mantinha fisiologia constritiva e com agravamento neurológico por demência vascular, pelo que se suspendeu o protocolo e iniciou seguimento em Cuidados Paliativos.
Discussão: A sintomatologia associada à PC é progressiva e permanente se não for cirurgicamente abordada. Sabe-se que quando mais precocemente esta é realizada, maior é a probabilidade de melhoria. O protocolo Lion-Heart demonstrou que a administração de levosimendan a cada 2 semanas durante 12 semanas em doentes com IC avançada em doentes com FSVE diminuída, melhorou a classe funcional e o risco de hospitalização. Neste caso, ainda que a FSVE fosse preservada, houve melhoria clínica, sem novos internamentos. Contudo, a manutenção das alterações ecocardiografias e o desenvolvimento da demência vascular motivaram a sua suspensão por futilidade terapêutica.