23

24

25

26
 
OSTEOMIELITE ENFISEMATOSA
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P499 - Resumo ID: 804
Hospital Vila Franca de Xira
Andreia Machado Ribeiro, Sofia Guerreiro Cruz, Bruno Ferreira, Carla Tonel
Introdução
A osteomielite enfisematosa é uma doença rara que se caracteriza pela presença intraóssea de gás. A infecção pode ser mono ou polimicrobiana, sendo a família das Enterobacteriaceae e os anaeróbios os agentes mais frequentes. A via de infecção mais comum é hematogénea, mas também pode ser por contiguidade.
Caso clínico
Homem de 70 anos, com antecedentes de neoplasia da próstata sob quimioterapia, com metastização óssea e compressão medular S1/S2/S3, sem indicação para descompressão cirúrgica; linfoma submetido a quimioterapia e esplenectomia; hipertensão arterial; diabetes mellitus tipo 2 controlado apenas com dieta. Recorreu ao hospital por febre e agitação psicomotora após realização de ciclo de quimioterapia. À observação, apresentava-se queixoso com dores, hipertenso, taquicárdico, hiperglicémico (500 mg/dL) e com desconforto à palpação do hipogastro. Analiticamente, leucocitose 21200 com neutofilia 97%; creatinina 2,6mg/dL; PCR 57,1mg/dL; urina II com leucócitos 500/μL e nitritos positivos. A ecografia renal revelou marcada uretero-hidronefrose esquerda (sobreponível a exames anteriores) e espessamento do urotélio por provável infecção associada. Ficou internado com o diagnóstico de infecção urinária e iniciou Ceftriaxone.
A urocultura e hemoculturas identificaram Escherichia coli sensível ao Trimetropim/Sulfametoxazol pelo que a antibioterapia foi alterada. A tomografia computorizada abdominopélvica mostrou extensas alterações ósseas no sacro, com múltiplos pequenos focos de ar intramedular à direita, suspeito de osteomielite enfisematosa; massa polipóide intravesical sugestiva de conteúdo hemático; próstata com nodularidade; marcada ureterohidronefrose crónica à esquerda devido a massa adenopática tumoral ilíaca. A Ortopedia excluiu indicação cirúrgica.
Iniciou insulinoterapia com diminuição progressiva da dose desta ao longo do internamento. À data de alta com perfil euglicémico apenas com controlo dietético.
Teve alta ao 28º dia de internamento. Cumpriu um total de 28 dias de antibioterapia, tendo-se verificado melhoria clínica e analítica progressiva. Teve alta com indicação para manter antibioterapia durante mais 4 semanas, referenciado às consultas de Urologia e Oncologia.
Discussão
A osteomielite enfisematosa associa-se a várias comorbilidades como diabetes mellitus, neoplasias, alcoolismo e outras que cursem com imunossupressão.
O diagnóstico pode ser feito com radiografia ou tomografia computorizada. O tratamento inclui antibioterapia dirigida ao agente etiológico sempre que possível e desbridamento cirúrgico. Embora não exista ainda consenso quanto ao tempo de antibioterapia, pensa-se que 4 a 6 semanas serão adequadas.
Até 2017 estavam apenas descritos 29 casos de osteomielite enfisematosa na literatura inglesa. É uma doença grave e potencialmente fatal, pelo que exige do clínico um diagnóstico precoce e tratamento agressivo.