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ANEMIA EM MULHERES IDOSAS COM FRACTURA DA EXTREMIDADE PROXIMAL DO FÉMUR: ESTUDO RETROSPECTIVO NUMA UNIDADE DE ORTOGERIATRIA
Medicina Geriátrica - Comunicação
Congresso ID: CO035 - Resumo ID: 814
Hospital de São Francisco Xavier, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental
Cristina Carvalho Gouveia, Sofia Duque, Ana Lopes Santos, José Guimarães Consciência, Luís Campos
Introdução
A anemia é comum no idoso e está associada a elevada morbimortalidade em situações cirúrgicas. A perda mais acelerada de densidade óssea nas mulheres poderá justificar o facto da maioria das fracturas da extremidade proximal do fémur (FEPF) ocorrem neste sexo. Tem sido demonstrado que a anemia em idosos com FEPF está associada a maior morbilidade, tempo de internamento, mortalidade e taxa de readmissão hospitalar.

Objectivo
Determinar se a existência de anemia à data de admissão hospitalar se associa a pior estado funcional prévio e a maior tempo de internamento, morbilidade e mortalidade na população feminina internada por FEPF.

Métodos
Estudo retrospectivo das doentes internadas entre Junho de 2016 e Agosto de 2017 (15 meses). Definidos 2 grupos de doentes: A – mulheres com anemia (Hb < 12g/dL) e B – mulheres sem anemia (Hb ≥ 12g/dL).

Resultados
Incluídas 193 doentes. 41.4% tinham anemia à admissão. O grupo A apresentou, em comparação com o grupo B: idade média superior (85.7 vs B: 82.7 anos), índice de Barthel médio inferior (78.2 vs B: 85.0 pontos) e Cumulative Illness Rating Scale-Geriatrics médio superior (9.14 vs B: 8.4 pontos). O grupo A apresentou maior tempo de internamento (18.8 vs B 16.4 dias) e de espera por cirurgia (4.4 vs B: 4.1 dias), menor recuperação da capacidade de marcha após a alta (2.9 vs B: 6.6%) e maior mortalidade hospitalar (6.3% vs B: 2.6%). Quanto mais grave a anemia (Hb < 10g/dL), maior foi o tempo de internamento (25.9 vs 16.3 dias), menor a recuperação da capacidade de marcha após a alta (0 vs 3.8%) e maior a mortalidade (5.1 vs 9.5%).

Conclusões
Neste estudo, a incidência de anemia à admissão nas mulheres foi elevada. A anemia pareceu estar associada a maior grau de dependência nas actividades de vida diárias e maior número de comorbilidades previamente à admissão hospitalar. As doentes com anemia tiveram tempo de internamento e de espera por cirurgia superiores, bem como menor capacidade de marcha autónoma após a alta e maior mortalidade. Contudo, a evidência existente não é clara quanto ao impacto prognóstico do tratamento da anemia, sendo necessários mais estudos.