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A PROPÓSITO DE UM CASO DE PNEUMONITE DE HIPERSENSIBILIDADE
Doenças respiratórias - E-Poster
Congresso ID: P819 - Resumo ID: 826
Centro Hospitalar de Setúbal; Serviço de Medicina Interna; Serviço de Pneumologia
Ana Alfaiate, Margarida Madeira, Cristina Braço Forte, Eugénio Dias, Susana Carreira, Vera Durão, Paula Duarte
A Pneumonite de Hipersensibilidade ocorre como resultado de uma reação inflamatória imunológica do pulmão à exposição, por via inalatória, a variados antigénios num indivíduo sensibilizado.
Com a apresentação deste caso clínico, pretende-se realçar a patologia como um importante diagnóstico diferencial das doenças difusas do parênquima pulmonar e abordar o seu diagnóstico.
Apresenta-se o caso de uma mulher, de 64 anos, trabalhadora rural, com cardiopatia isquémica, hipertensão arterial, diabetes e hiperuricémia. Não fumadora, criadora de rolas e canários desde há cinco anos, sem patologia respiratória prévia conhecida.
Foi internada no Serviço de Medicina Interna por quadro de dispneia com cerca de 3 semanas de evolução e de agravamento progressivo, sem tosse, pieira, febre, sudorese noturna, emagrecimento e queixas articulares.
Dos exames complementares iniciais, salientam-se: Gasometria arterial sob FiO2 21% com insuficiência respiratória parcial (PaCO2 34, PaO2 48); Análises – Leucocitose (17000), PCR 10.8, D-dímeros aumentados (1076); Radiografia de tórax – infiltrados micronodulares bilaterais (dos vértices às bases); Angio-TC de tórax sem evidência de tromboembolismo, padrão em vidro despolido, sobretudo nos lobos superiores, e micronódulos centrilobulares mal definidos.
A Broncofibroscopia revelou sinais inflamatórios difusos e o lavado broncoalveolar evidenciou linfocitose (67%), com relação CD4/CD8 de 0.7, com microbiologia e citologia para células neoplásicas negativas.
Da avaliação analítica, salientam-se: serologia VIH negativa; NT-proBNP normal; Fator Reumatóide, ENA´s, Ac. anti-DNA ds, Ac. anti-CCP e ANCAs negativos; ANA positivo (título 160); IgE total 2; IgG para penas de periquito, canário, caturra, papagaio e tentilhão positiva (810); IgG para penas, excrementos e proteínas do soro de periquito e pombo positiva (742 e 1976).
O Ecocardiograma transtorácico não revelou alterações.
Durante o internamento, apresentou melhoria clínica e imagiológica significativa, pelo que não iniciou corticoterapia sistémica.
Assumiu-se o diagnóstico de Pneumonite de Hipersensibilidade e a doente teve alta referenciada à Consulta de Pneumologia.
Na primeira avaliação, e após redução significativa da exposição às aves supracitadas, confirmou-se melhoria clínica, estando a aguardar estudo funcional respiratório e reavaliação imagiológica.
A Pneumonite de Hipersensibilidade pode apresentar-se com diversos fenótipos e o seu diagnóstico diferencial com outras doenças difusas do parênquima pulmonar é desafiante. Identificar o agente responsável é importante para o diagnóstico e prevenção.