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TUBERCULOSE OSTEOARTICULAR GRAVE EM JOVEM IMUNOCOMPETENTE
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P597 - Resumo ID: 828
Serviço de Doenças Infecciosas - Hospital Curry Cabral
Ana Gorgulho, Paula Gonçalves Costa, Alexandra Caeiro, Orlando Cardoso, Maria José Manata, Fernando Maltez
A tuberculose (TB) osteoarticular é responsável por 10 a 15% dos casos de TB extrapulmonar em doentes imunocompetentes. O mal de Pott é a designação para a osteomielite tuberculosa de localização vertebral, embora, a mesma possa, virtualmente, atingir qualquer osso. A osteomielite tuberculosa pode ser o resultado de disseminação linfo-hematogénea no contexto de TB primária ou de reactivação posterior de um foco de TB primária. Descrevemos um caso de tuberculose disseminada com importante componente extrapulmonar.
Caso clínico: Mulher de 26 anos, melanodérmica, natural de Angola, a residir em Portugal desde os 3 anos de idade, saudável. Recorre ao Serviço de Urgência por perda ponderal não quantificada, febre e hipersudorese nocturna com três meses de evolução e por toracalgia pleurítica direita surgida alguns dias antes. Por condensação do lobo superior direito com cavitação foi pedido exame directo da Expectoração, que foi positivo para bacilos ácido-álcool resistentes (e em cujo exame cultural se isolou Mycobacterium tuberculosis, sem resistências no teste de sensibilidade aos antituberculosos de 1ª linha). Estabeleceu-se o diagnóstico de tuberculose pulmonar bacilífera e foi excluída infecção por VIH bem como outras co-morbilidades.
No exame objetivo em internamento apresentava dor à palpação do esterno e apófises espinhosas torácicas e hipostesia de ambos os pés. A Tomografia Computorizada torácica revelou lesões osteolíticas de D3-D6 com componente de partes moles e a Ressonância Magnética da coluna confirmou extenso mal de Pott, com espondilodiscite com epicentro em D4-D5, miosite dos músculos paravertebrais e volumosa lesão de partes moles, em contiguidade com o parênquima pulmonar, a estender-se ao mediastino posterior, arcos costais posteriores e insinuando-se nos canais de conjugação, com desvio da medula para a direita. Para além do envolvimento do mediastino médio e posterior, também, envolvimento esternal a justificar as queixas álgicas. Ao fim de 33 dias de terapêutica antituberculosa não se encontra bacilífera, mantendo grande destruição do corpo de D5, com colapso do prato vertebral superior e, abcesso para-vertebral com envolvimento do canal medular, com indicação para estabilização cirúrgica. Mantém queixas de hipostesia dos pés, sem agravamento, e com resolução das queixas álgicas esternais. Aguarda cirurgia em internamento, por risco de instabilidade da coluna vertebral.
Discussão:
Mesmo em doentes imunocompetentes há que suspeitar de formas graves de TB extrapulmonar, quando os sintomas e sinais clínicos são compatíveis. Na maioria das vezes, o diagnóstico e a terapêutica eficaz requerem uma abordagem multidisciplinar.