Lorena Lozano Real, Paula Sofia Araújo, Mykhailo Iashchuk, Isabel Correia Barahona, Juan Manuel Urbano Gálvez
A escombroidose é a intoxicação por consumo de peixe mais comum no mundo, e é devido à produção de histamina, produzida durante os fenômenos de decomposição. Sua distribuição é mundial, predominando em águas mornas ou quentes. É mais frequente nos lugares onde a conservação e o transporte de peixes são feitos de maneira mais rudimentar e sem controles adequados.
Apresentamos o caso clínico de um homem de 58 anos de idade com história pessoal de obesidade, hipertensão arterial e DPOC. Recorre ao serviço de urgências do nosso hospital por apresentar de forma súbita após do almoço (tartare de atum) um quadro de erupção macular no rosto e no tronco, dispneia intensa acompanhada de palpitações, náuseas e mal-estar geral. No exame objetivo o doente apresentava pressão arterial de 145/94 mm Hg, uma frequência cardíaca de 110 batimentos/minuto e uma temperatura axilar (de 36,5 ° C. A spO2 foi de 92% basal. A ausculta cardíaca foi rítmica, taquicárdica. A auscultação pulmonar apresentava hipofonese global com sibilâncias telespiratórias disseminadas. O abdômen e membros inferiores não apresentavam alterações de relevância. Ao nível dos membros inferiores, não houve edema ou sinais de trombose venosa profunda. Ao nível da pele, apresentava lesões maculares, não aumentadas, confluentes, no nível da face e do tronco, com dígito pressão positiva.
Os testes complementares realizados mostravam hemograma, coagulação, perfil renal, hepático e bioquímico iónico com valores normais. A gasometria arterial basal: pO2 63 pCO2 45, HCO3 36 spO2 94%. A radiografia de tórax não mostrou imagens de condensação, estase cardíaca nem cardiomegalia. O ECG apresentou taquicardia sinusal, eixo normal e sem alterações da repolarização ventricular.
Foi iniciado tratamento com oxigenoterapia, aerossóis com salbutamol e brometo de ipotropio e metilprednisolona E.V com resolução dos sintomas em menos de 12 horas
De acordo com a Food and Drug Administration (FDA) níveis de histamina superiores a 50 mg / 100 g são perigosos para a saúde. Os sintomas aparecem quando esses alimentos são mantidos em condições inadequadas de refrigeração. A doença é causada pela decomposição bacteriana, depois capturado o peixe, com proliferação de enterobacterias que pela degradação do aminoácido histidina produz altas concentrações de histamina, que é em última análise responsável pela clínica. Os sintomas mais frequentes são náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, cefaleia, palpitações, taquicardia e eritema cutâneo. Em relação ao tratamento, a administração de anti-histamínicos H1 é recomendada em casos leves e, nos casos em que existe instabilidade hemodinâmica, pode ser necessária administração de adrenalina. Quanto ao uso da terapia com corticosteroides, é controverso. Na maioria dos doentes, a clínica remete nas 24 horas seguintes ao consumo.