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NEM PARA 1, NEM PARA 65... O ABDÓMEN (NÃO) É BOM ESCONDERIJO
Urgência / Cuidados Intermédios e Doente Crítico - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG118 - Resumo ID: 831
Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano
Isabel Taveira, Cláudia Vicente, Lucas Dias, José Sousa e Costa
O contrabando de substâncias ilícitas, escondendo-as dentro do próprio corpo, chamado de Body packer (“correio de droga”), é um fenómeno mundial, ainda que pouco detetado em Portugal, tendo sido o primeiro caso relatado em 2009. A radiografia abdominal é considerada o gold standard, com alta especificidade (97%) e sensibilidade (85%). Complicações como rutura das embalagens com consequente toxicidade e obstrução ou perfuração gastrointestinal são pouco frequentes (taxa inferior a 5%), porém, há alguns fatores de risco mais associados às mesmas, nomeadamente a ingesta de > 50 invólucros. O caso clínico refere-se a um homem, de 45 anos, de nacionalidade portuguesa, institucionalizado em estabelecimento prisional, admitido em SU por dor abdominal inespecífica, com suspeita de ingesta de droga para tráfico da mesma. Ao Exame Objetivo, destacava-se abdómen discretamente distendido com várias massas palpáveis heterogeneamente, de difícil caracterização. A radiografia abdominal confirmou a existência de múltiplos corpos estranhos, tendo o tratamento médico com laxantes sido suficiente para, em pouco mais de 72horas, eliminar os 65 invólucros de droga.
Apesar da panóplia de complicações possíveis, e dos fatores de risco associados neste caso, a situação clínica foi resolvida sem rutura de qualquer invólucro ou outras complicações.

(Foto dos invólucros com permissão das autoridades envolvidas e do doente)