23

24

25

26
 
O PARADIGMA DA MUDANÇA DOS CUIDADOS DE SAÚDE
Organização e gestão / novas formas de cuidados - Comunicação
Congresso ID: CO139 - Resumo ID: 834
Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, Serviço de Medicina Interna
Isabel Taveira, Sofia Sobral, Ana Goes, Tiago Fiuza, Rui Seixas, Josiana Duarte, Cláudia Vicente, Adelaide Belo
Introdução
Com o envelhecimento populacional e a consequente multimorbilidade, os cuidados de saúde, tradicionalmente reativos, tornaram-se desadequados. Esse desajuste é particularmente notório na recorrência ao Serviço de Urgência (SU), sendo que Portugal é o país da OCDE com mais admissões por habitante, das quais pelos menos 30% são inapropriadas ou evitáveis. O Projeto Gestão de Caso, idealizado por internistas, surge, em Janeiro de 2017, como uma forma diferente de fornecer cuidados de saúde diferenciados, personalizados e integrados para doentes crónicos, pluripatológicos, com autonomia suficiente para aprenderem a gerir as suas doenças e adaptar o seu quotidiano.
A Equipa Multidisciplinar, constituída por médicos de Medicina Interna, Medicina Geral e Familiar, enfermeiros hospitalares e dos cuidados de saúde primários, reúne-se mensalmente para discussão de estratégias individualizadas e resolução de problemas do quotidiano. Para além disso, existe contacto direto por e-mail ou por telefone para apoio ao enfermeiro Gestor de Caso e, consequentemente, ao doente, para realizar ajustes terapêuticos rápidos ou reavaliações médicas precoces (seja no âmbito dos cuidados de saúde primários, seja nos cuidados hospitalares).

Objetivos
Analisar o impacto do projeto Gestão de Caso na população-alvo e na utilização de recursos de saúde entre Janeiro de 2017 e Dezembro de 2018.

Material e Métodos
Análise retrospetiva, comparativa, da utilização de serviços de saúde, previamente à admissão no projeto e posteriormente à mesma.

Resultados
Foram incluídos 85 doentes, 47 homens, idade mediana de 78 anos, dos quais 15 já faleceram.
Para efeitos de análise estatística, foram incluídos apenas os doentes com 6 ou mais de meses de integração no projeto (58 doentes; mín 6 meses, máx. 22 meses).
O total cumulativo de admissões em SU previamente à integração no projeto é de 382, com 73 internamentos hospitalares (741 dias de internamento).
Após a integração no projeto, as admissões em SU foram reduzidas em 63% (n=141), os internamentos hospitalares foram reduzidos em 62% (n=38) e a duração do internamento obteve uma redução ainda superior de 741 para 239 dias (-68%). Esta reorganização e consequente redução de utilização dos serviços de saúde só foi possível pelo trabalho integrado em Equipa Multidisciplinar e pela individualização de cuidados de saúde prestados a cada doente.

Conclusões
A comunicação interdisciplinar, o acesso fácil a todos os membros da equipa e a preocupação comum com o doente, são facilitadores deste projeto. O sucesso atual é visível, não só pelos dados estatísticos, como também pelo bem estar e pela qualidade de vida dos doentes. O desafio tem-se tornado altamente satisfatório e compensador para todos os profissionais envolvidos, e, apesar das limitações inerentes, esta análise é mais uma motivação. Esperamos poder expandir o projeto progressivamente, integrando também outros centros de saúde e outros profissionais.