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SÍNDROME DE ALICIA NO PAIS DAS MARAVILHAS
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - Poster com Apresentação
Congresso ID: PO080 - Resumo ID: 835
ULSNA- Hospital Santa Luzia de Elvas
Lorena Lozano Real, Paula Sofia Araújo, Mykhailo Iashchuk, Isabel Correia Barahona, Juan Manuel Urbano Gálvez
O Síndrome de Alicia no Pais das Maravilhas (AWS) é uma entidade clínica incomum e alarmante, caracterizada por breves episódios de distorção na perceção da imagem corporal e tamanho, distância, forma ou relações espaciais de objetos, bem como na sensação de passagem do tempo. É descrito no contexto de enxaquecas, epilepsia, lesões cerebrais, infeções virais e associados a várias drogas. É mais comum em jovens e crianças. Geralmente, a evolução é benigna, com recuperação completa em semanas ou meses, sem sequelas, mas pode recorrer após um período de latência de anos.

Nós descrevemos um caso de AWS como um efeito adverso da agomelatina até agora não descrita. É uma mulher de 32 anos que apresentou diariamente nas últimas 2 semanas, episódios curtos e frequentes (até 6 / dia, 2-3 minutos de duração), consistindo em mudanças repentinas na perceção visual do tamanho dos objetos ao redor e de partes de seu próprio corpo. Ela referia a ´minhas mãos ficam enormes´, ´o prato na mesa está a ficar muito pequeno´, ´o quarto está se tornando cada vez menor´. Não teve dor de cabeça ou aura de enxaqueca. Não tinha febre ou outros sintomas relacionados uma doença infeciosa. O exame psiquiátrico, neurológico e oftalmológico foi normal. A doente tinha episódios de ansiedade e sintomas depressivos secundários à morte de sua mãe um mes antes, motivo pelo qual tinha começado 16 dias antes do aparecimento dos sintomas um tratamento com agomelatina 25 mg à noite prescrito pelo psiquiatra e que tinha melhorado os sintomas depressivos. Não tinha antecedentes pessoais ou familiares de distúrbios comportamentais ou distúrbios psiquiátricos. Os exames laboratoriais, análise do liquido cefalorraquidiano, radiografia de tórax, EKG, TAC cerebral, RM cerebral e EEG foram normais. Suspeitando de um efeito adverso da agomelatina, este medicamento foi suspenso e mudado para venlafaxina, interrompendo-se dentro de 48 horas os sintomas pelos quais consultou. Após 12 meses permanece assintomática e não tem apresentado nenhum episódio similar

Em conclusão, é importante ter presente este síndrome benigno, incomum, mas alarmante para doente e familiares, de forma a evitar alguns procedimentos desnecessários. Não encontramos na literatura nenhum caso de AWS associado à agomelatina, fármaco frequentemente utilizado na prática clínica.