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USO DE LAXANTES NUMA ENFERMARIA DE MEDICINA INTERNA
Medicina Geriátrica - Comunicação
Congresso ID: CO197 - Resumo ID: 82
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra - Serviço de Medicina Interna
Catarina Correia1, Diana Oliveira2, Patrícia Dias3, Adélia Simão4, Armando Carvalho5
INTRODUÇÃO: A obstipação é um problema comum em indivíduos hospitalizados, afetando sobretudo a população idosa. Os fatores de riscos associados ao seu desenvolvimento ainda não estão suficientemente esclarecidos.

OBJECTIVO: Identificar fatores associados à necessidade de prescrição de laxantes, e avaliar se essa prescrição é feita de forma correta.

MATERIAL E MÉTODOS: Estudo retrospetivo de doentes internados num Serviço de Medicina Interna durante o mês de Julho de 2018. Apenas foram incluídos os que tinham capacidade de cooperar. Constituídos dois grupos, de acordo com a administração (casos) ou não (controlos) de laxantes durante a hospitalização. Os antecedentes dos dois grupos de pacientes foram comparados em relação ao tempo de internamento, idade, sexo, número de medicamentos regularmente usados na admissão (excluindo laxantes), grau de dependência para atividades de vida diária (AVD) – Índice de Katz, tipo de dieta, fluidoterapia, história prévia de obstipação, antecedentes pessoais e prescrição de antibioterapia durante o internamento. Aos indivíduos a quem foi prescrito laxantes durante o internamento foi aplicada a Constipation Assessment Scale. Para comparar os dois grupos por meio de variáveis contínuas, foi utilizado o teste de Mann-Whitney bicaudal. Para as variáveis discretas, foi aplicado o teste x2. Para análise multivariada foi aplicada a análise de regressão logística múltipla. Foram consideradas diferenças estatisticamente significativas quando p <0,05. As análises estatísticas foram realizadas usando o SPSS Statistics 23.

RESULTADOS: 431 pacientes: casos (n = 85) e controlo (n = 346; depois da análise dos dados, foram identificados alguns fatores que podem contribuir para a necessidade do uso de laxantes em doentes hospitalizados, verificando-se a existência de diferenças estatisticamente significativas: no grau de dependência para atividades da vida diária (p < 0,005), na polimedicação (p < 0,001), na prescrição de antibioterapia (p < 0,001), no tipo de dieta (p < 0,001), na duração do internamento (p < 0,001) e nos caos com antecedentes de patologia psiquiátrica (p < 0,001).
Cinco diferentes laxantes foram prescritos, sendo o Bisacodilo o laxante mais prescrito, 54% dos indivíduos submetidos a laxantes tiveram Bisacodilo prescrito, quer de forma isolada o em associação com outro tipo de laxante. Muitos doentes apresentavam prescrição de mais do que um laxante em simultâneo (▭((X)) ̅ = 1,33; s=0,608).

CONCLUSÕES:
Perante o grande de número de doentes com obstipação que se encontram nas nossas enfermarias e tendo em conta estes resultados, devemos tentar avaliar a presença de fatores que podem estar a contribuir para o quadro. Desta forma, muitas das vezes podemos primeiro tentar evitar/contrariar determinados fatores de risco que podem estar associados a obstipação antes de iniciarmos medidas terapêuticas mais invasivas, com mais complicações para o doente e que requerem mais gastos em saúde.