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CEFALEIA HEMICRANIANA
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - E-Poster
Congresso ID: P644 - Resumo ID: 846
Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo - Hospital José Joaquim Fernandes - Beja - Serviço de Medicina Interna
Catarina Semedo Graça, Paulo César, Vera Guerreiro, José Vaz
Introdução: As cefaleias hemicranianas podem ser atribuídas a um grande número de cefaleias primárias e secundárias, assim como neuropatias cranianas, sendo 1/3 dos casos atribuídos a cefaleias secundárias, devendo estas ser excluídas. Essas síndromes dolorosas podem muitas vezes passar despercebidas ou mimetizar outras patologias nomeadamente oftálmicas, músculo-esqueléticas ou psiquiátricas. Deste modo, as cefaleias hemicranianas são, por si só, um sinal de alerta que deve ser investigado.
Os aneurismas saculares têm uma prevalência de aproximadamente 3% da população e normalmente manifestam-se por queixas neuro-oftálmicas.
Caso Clínico: Mulher, 50 anos, com antecedentes pessoais hipertensão arterial e síndrome depressivo. Enviada à consulta de Medicina Interna pelo médico de família por queixas de cefaleia hemicraniana direita, de início súbito e tipo picada continua e autolimitada, que resolvia em poucos minutos, mas com ocorrência quase diária e com vários episódios ao dia. Referia ainda edema da pálpebra ipsilateral, assim como parestesias do hemicranio direito e ocasionalmente da hemiface direita. Negava lacrimejo, injecção conjuntival ou outros sintomas autonómicos. Descrevia ainda tensão arterial não controlada desde menopausa recente. Realizou ajuste de terapêutica anti hipertensora e estudo analítico, ecocardiográfico e TC crânio-encefálica, sem particularidades. Voltou à consulta 3 meses depois, com registos tensionais controlados, diminuição dos episódios de cefaleia, 1 episódio/dia, com duração média de 3 minutos, sem sensação de parestesia hemicraniana nem da face. Referia porém episódios de edema da hemiface direita, de predomínio vespertino, sem relação com episódios de cefaleia. Realizou neste contexto ressonância magnética crânio-encefálica que identificou formação aneurismática saculiforme da parede anterior do segmento supra-clinóideu da artéria carótida interna esquerda, situada na região oftálmica esquerda, com cerca de 8mm de diâmetro, lesão contornada pelo segmento cisternal do nervo óptico, discretamente desviado superiormente. Não observados sinais de hemorragia intracraniana, remota ou recente, intraparenquimatosa ou meníngea. Foi contactada a Neurocirurgia e agendada consulta.
Discussão: As cefaleias são, em geral, uma queixa relativamente comum, muitas vezes subvalorizadas, mas maioritariamente de natureza primária. Os aneurismas saculares, ao manifestarem-se por sintomas neurológicos ou oftálmicos, são muitas vezes atribuídos a outro tipo de cefaleias, ficando por diagnosticar. A incidência de cefaleias secundárias nas cefaleias hemicranianas justifica sempre uma investigação para exclusão destas. Deste modo, perante esta clínica de cefaleias e hipertensão, é fundamental uma história clínica cuidada que permita identificar sinais de alerta que justifiquem uma investigação e se obtenha um diagnóstico precoce.