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ANTICOAGULAR OU NÃO ANTICOAGULAR? EIS A QUESTÃO!
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P685 - Resumo ID: 851
Centro Hospitalar Barreiro-Montijo
Carolina Trabulo, Isabel Fernandes, Rita Gameiro dos Santos, Joaquim Peixoto, Fátima Campante
INTRODUÇÃO: O tromboembolismo venoso (TEV) é uma complicação comum das doenças neoplásicas. Na maioria dos casos, o TEV ocorre sem evidencia clínica do tumor.
O risco está aumentado até 7 vezes nos doentes com cancro e é a segunda causa de morte, atrás do cancro per si. Este grupo de doentes apresenta um estado de hipercoabilidade que favorece o TEV, mecanismo este que está dependente da activação da coagulação pelas células tumorais.
O principal objectivo da terapêutica é prevenir a recorrência e reduzir a extensão, minimizando o risco de hemorragia.

CASO CLÍNICO: Doente sexo feminino, 77 anos, leucodermica, recorre ao serviço de urgência por queixas de cansaço para esforços progressivamente menores acompanhado de dispneia e astenia. Negou outra sintomatologia nomeadamente perda ponderal e perdas hemáticas visíveis. Destacar como antecedentes pessoais conhecidos Tromboembolismo Pulmonar (TEP) Central em Outubro de 2016 e Trombose Venosa Profunda em Dezembro de 2016 sob terapêutica com rivaroxabano. Analiticamente apresentava hemoglobina (Hb) 5.9 g/dL; trombocitopénia 16 000/L; tempo protrombina 16.8 segundos, INR 1.49, tempo de tromboplastina activado 27.8 segundos e D-dímeros 28703 ng/mL. Realizou transfusão de 3 unidades de concentrado eritrocitário, sem intercorrências e com bom rendimento. Para investigação diagnóstica, optou-se pela realização de Angio tomografia computorizada toraco-abdomino-pélvica, que revelou a nível torácico discretos trombos hipodensos não obstrutivos compatíveis com TEP discreto sub-agudo, e a nível abdomino-pelvico denotou-se um marcado espaçamento parietal irregular e excêntrico do antro gástrico e região pilórica e ainda perda do plano de clivagem com a região cefálica do pâncreas sugestivo de lesão neoformativa com evidência de lesões secundárias hepáticas.
Decidiu-se internamento no Serviço de Medicina para estudo.
Durante o internamento realizou endoscopia digestiva alta com biopsia que mostrou adenocarcinoma (ADC) invasivo de tipo intestinal moderadamente diferenciado. Foi, neste contexto, admitido um TEV como síndrome paraneoplasico.
De intercorrência manteve queda de Hb por perdas hemáticas pelo que realizou radioterapia hemostática, com efeito.
Pelo risco hemorrágico inerente ao ADC gástrico, anemia e trombocitopénia mantidas, optou-se por não anticoagular a doente.
Por se tratar de um cancro de estômago em estadio IV foi encaminhada para Oncologia Médica para início de tratamento paliativo.

CONCLUSÃO: Aumento da incidência de cancro leva a um aumento da probabilidade de incidência de TEV, consequentemente mais internamentos nos serviços de Medicina Interna. Este caso é um exemplo da dicotomia da decisão da anticoagulação, tendo o internista um papel central não só no diagnóstico como na melhor abordagem para o controlo de um desafios da medicina.