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INIBIDORES DA BOMBA DE PROTÕES NUMA ENFERMARIA DE MEDICINA INTERNA
Doenças digestivas e pancreáticas - Comunicação
Congresso ID: CO115 - Resumo ID: 853
Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca
Daniela Madeira, Patrícia Vasconcelos, Ana Corte-Real, Feliciana Cruz, Nuno Bragança
INTRODUÇÃO
Os inibidores da bomba de protões (IBPs) são atualmente uma das classes farmacológicas mais prescritas, dada a sua eficácia e perfil de segurança. No entanto, nos últimos anos, tem-se verificado um uso mais prolongado destes fármacos, o que se associa a um aumento dos efeitos adversos.

OBJECTIVOS
Analisar o padrão de prescrição de IBPs num Serviço de Medicina Interna.

MATERIAL E MÉTODOS
Estudo retrospectivo dos doentes admitidos no nosso serviço de 01/09 a 30/11/2018. Analisámos variáveis sócio-demográficas e clínicas, assim como o padrão de prescrição de IBPs (em ambulatório, durante o internamento e à data da alta) relativamente às suas indicações. Avaliámos, também, a prevalência de efeitos adversos em doentes com uso prolongado destes fármacos. As indicações para a utilização terapêutica e profilática adequada de IBPs foram definidas pelos Norma da DGS 036/2011 e Boletim terapêutico ARSLVT 1/2016, respetivamente. A codificação, registo e análise estatística dos dados foi feita em Excel®.

RESULTADOS
Dos 315 doentes estudados, cerca de 36% faziam terapêutica com IBP em ambulatório de forma crónica (duração superior a 8 semanas). No entanto, apenas 10 (3,19%) tinham indicação formal para esta prescrição, de acordo com a Norma da DGS. Durante o internamento, foram prescritos IBPs a 195 doentes (62,3%). Deste grupo, 97 doentes iniciaram terapêutica com IBP durante o episódio, não havendo indicação para tal em 87%. Nos restantes doentes, o principal motivo de prescrição foi um episódio de hemorragia digestiva alta. 116 doentes (41,43%) tiveram alta medicados com IBP, sendo que apenas cerca de 10% tinha indicação. A terapêutica com antiagregantes, anticoagulantes e corticóides, bem como a patologia gástrica foram os principais preditores de prescrição de IBPs em ambulatório. Os principais motivos que influenciaram a prescrição inapropriada de IBP, durante o internamento e aquando da alta, foram: a continuação da terapêutica habitual do doente e a profilaxia da úlcera de stress. No que respeita aos efeitos adversos da prescrição prolongada de IBP, salienta-se um risco aumentado de hipomagnesiemia (RR 1,62), ferropenia (RR 1,36) e infeções respiratórias (RR 1,14).

CONCLUSÃO
Este estudo ilustra uma utilização inapropriada de IBPs, numa grande maioria dos casos, num serviço de Medicina Interna. As indicações para a prescrição de IBPs durante o internamento e à data da alta devem ser sempre revistas, de forma a reduzir prescrições inadequadas, custos e o risco de iatrogenia.