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ACIDOSE LÁTICA ASSOCIADA À METFORMINA, COM LESÃO RENAL AGUDA POR HIPOTENSÃO IATROGÉNICA
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais - E-Poster
Congresso ID: P300 - Resumo ID: 854
Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira - Serviço de Medicina Interna
Maria Beatriz Santos, Magda Garça, Pedro Cota, Paulo Ávila, Adriana Santos
TÍTULO: Acidose lática associada à Metformina, com lesão renal aguda por hipotensão iatrogénica

INTRODUÇÃO
A Metformina atua por diminuição da resistência à insulina, da neoglicogénese hepática e por aumento da captação de glicose periférica. A acidose lática associada à Metformina ocorre por sobredosagem ou disfunção renal. Sendo considerada uma entidade rara, cursa com uma elevada taxa de mortalidade. Os autores apresentam um caso de acidose lática associada à prescrição de um fármaco com introdução recente no mercado, o Sacubitril/Valsartan.

CASO CLÍNICO
Doente de 76 anos, português, autónomo, enviado ao Serviço de Urgência (SU), por quadro de dispneia, cansaço fácil e sensação de agonia que não caracterizava de outra forma, com 3 dias de evolução, associado a um vómito alimentar no dia anterior. Da história pregressa é de salientar: diabetes mellitus tipo 2, medicado com Metformina 1000 mg 2id, Canagliflozina 100 mg id e Insulina Lantus 29 U/dia, e insuficiência cardíaca, com a introdução na medicação crónica de Sacubitril/Valsartan 24/26 mg 2id, nos três dias que antecederam a vinda ao SU. Objetivamente, encontrava-se pálido, sudorético, muito queixoso, com perfil tensional hipotensivo e palpação superficial dolorosa no epigastro. Analiticamente apresentava disfunção renal (ureia 291 mg/dL e creatinina 3.48 mg/dL) e gasimetricamente acidémia metabólica (pH 7.29, HCO3- 11.1 mmol/L e lactato 2.98 mmol/L). Admitiu-se então, acidose lática associada à metformina, em doente com lesão renal aguda, provavelmente associada à hipotensão iatrogénica. No internamento, após a suspensão da Metformina e do Sacubitril/Valsartan assistiu-se à melhoria clínica e do perfil tensional, com a normalização dos parâmetros gasimétricos e da função renal. Dada a estabilidade clínica, teve alta ao sétimo dia do internamento, orientado para a consulta externa, onde mantém seguimento.

DISCUSSÃO
O Sacubitril/Valsartan, cuja aprovação pela EMA ocorreu em 2015, está indicado em doentes adultos para o tratamento da insuficiência cardíaca crónica sintomática, com fração de ejeção reduzida. No estudo PARADIGM-HF, a hipotensão foi notificada em 17.6% e o compromisso renal em 10.1% dos doentes tratados com Sacubitril/Valsartan. A hipotensão é uma das reações adversas mais frequentes, especialmente em doentes ≥ 65 anos de idade, com doença renal e com PAS <112 mmHg. A utilização do Sacubitril/Valsartan pode estar ainda associada a
agravamento da função renal, sendo o seu risco agravado por desidratação e uso concomitante de AINEs. A sua coadministração com Metformina reduziu a Cmax e a AUC da Metformina em 23%, mas a sua relevância clínica é desconhecida.
Por tudo o que foi dito, no início da terapêutica do Sacubitril/Valsartan é recomendado a monitorização da pressão arterial por rotina e se se verificar hipotensão, deve-se reduzir a dose ou descontinuar a mesma.