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TROMBOEMBOLISMO PULMONAR – A REALIDADE DE UM HOSPITAL DISTRITAL
Doenças cardiovasculares - Comunicação
Congresso ID: CO172 - Resumo ID: 863
Hospital de Cascais
Tânia Strecht, Ana Paula Antunes, Carolina Sequeira, Isa Silva, Marta Custódio, Jana Zélinova, Anabela Marques
Introdução
A embolia pulmonar (EP) é uma forma de tromboembolismo venoso e resulta da oclusão da circulação arterial pulmonar por êmbolos, maioritariamente provenientes da circulação venosa. Os trombos na circulação pulmonar afectam a relação ventilação/perfusão, provocando hipertensão pulmonar e diminuição do débito cardíaco. O espectro clínico é vasto, desde o doente assintomático até ao choque cardiogénico/obstrutivo.
Objectivo
Caracterização epidemiológica, analítica, imagiológica, electro e ecocardiográfica dos doentes com EP, bem como a identificação de factores de risco (FR) e dos casos com trombose venosa profunda (TVP) associada.
Material e Métodos
Análise retrospetiva dos diagnósticos de EP entre 1 de Janeiro de 2010 e 31 de Dezembro de 2016. Avaliou-se o género, idade, gasimetria, D-dímeros, eletrocardiograma e ecocardiograma, angio-tomografia computorizada (angioTC), e existência de TVP concomitante. Utilizou-se a ferramenta Excel para análise dos dados.
Resultados
No período estudado identificaram-se 501 diagnósticos de EP, 88,6% dos casos como diagnóstico inicial e os restantes como intercorrência durante internamento hospitalar.
O número de diagnósticos/ano foi estável entre 2010-2012 (45 a 55 casos) tendo posteriormente uma tendência crescente até ao máximo de 115 casos diagnosticados em 2016.
O género feminino foi predominante (304 [60,7%]), e o escalão etário 80-89 anos foi o mais afetado em ambos os sexos.
Da análise dos FR nos doentes hospitalizados por EP a hipertensão arterial foi o FR mais prevalente (291 [65,5%]), seguido da insuficiência cardíaca congestiva (125 [28,2%]), repouso no leito superior a 3 dias (121 [27,3%]), obesidade (109 [24,5%]) e insuficiência respiratória (91 [20,5%]).
Obteve-se gasimetria em 422 dos doentes, encontrando-se hipocapnia em 235 (55,7%).
Realizada a avaliação de D-dímeros em 86,6%, todos com valor positivo (média de 12,3 mg/L), sem falsos negativos, demonstrando o seu elevado valor preditivo negativo.
O ECG foi realizado em 471 (94%) doentes, sendo que 33,1% apresentava taquicardia sinusal e apenas 7,9% tinha padrão S1Q3T3.
Dos 398 (79%) doentes fizeram ecocardiograma, 210 (52,8%) tinham hipertensão pulmonar.
A maioria dos diagnósticos foram feitos por angioTC (458 [91,4%]) e apenas dois doentes (0,4%) foram diagnosticados por cintigrafia ventilação/perfusão.
Em 175 (34,9%) doentes foi documentada a presença de TVP concomitante.
Conclusões
À semelhança do que é a realidade nacional, o número de casos de EP identificados ao longo do tempo tem vido a aumentar, o que pode ser explicado pela maior longevidade, comorbilidades e diminuta mobilidade. Em 7 anos a incidência de EP duplicou, destacando-se também neste trabalho a elevada prevalência da hipertensão (65,5%) e de TVP (34,9%) concomitantes.
Apresenta-se esta análise esmiuçada de forma a contribuir para maior diagnóstico dos casos de EP, bem como para que se identifiquem ainda melhor os FR de forma a agir melhor na prevenção.