Tânia Strecht, Carla Matias, Élia Batista, Gonçalo Proença
Apresentamos o caso de um homem de 73 anos, com história de tromboembolismo pulmonar (TEP) há 32 anos e neoplasia da próstata. Observado em Serviço de Urgência por aperto retroesternal, náuseas, sudorese, cansaço para pequenos esforços e fibrilhação auricular com resposta ventricular rápida.
Realizou Ecocardiograma transtorácico (ETT) que mostrou massa volumosa na aurícula direita (AD), com origem na Veia Cava Inferior, pediculada e móvel, com movimentos amplos, “prolapsando” para o ventrículo direito; as cavidades direitas, tronco e ramos da artéria pulmonar estavam dilatados, visualizando-se trombo no ramo direito e hipertensão pulmonar (HTP) grave (PSAP ±70 mmHg). Fez Angio-tomografia computorizada que confirmou TEP com envolvimento dos troncos principais das artérias pulmonares bilateralmente e cardiomegália com inversão do septo interventricular por sobrecarga direita.
Por agravamento clínico com polipneia e hipoxemia com necessidades crescentes de O2, foi discutida a hipótese de fibrinólise e trombectomia, não realizadas.
Ao 2º dia verificou-se franca melhoria clínica. A reavaliação por ETT mostrava ausência da massa na AD e do trombo na artéria pulmonar, mantendo HTP moderada e sobrecarga direita.
A presença de trombos móveis nas cavidades direitas é rara e está geralmente associada a TEP e elevada mortalidade. A terapêutica é discutível: anticoagulação, fibrinólise e embolectomia, mas não há até à data um consenso acerca da melhor opção. O tratamento deve ser ponderado individualmente, de acordo com clínica, a extensão dos trombos, a reserva cardiopulmonar, comorbilidades, disponibilidade do tratamento e experiência da equipa médica.
Neste caso, a estabilidade hemodinâmica e a rápida melhoria clínica e ecocardiográfica, foram decisivos para a decisão de estratégia conservadora.