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CRISE CONVULSIVA, UMA MANIFESTAÇÃO ATÍPICA DE NEUROSÍFILIS: A CASE REPORT.
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P589 - Resumo ID: 874
Centro Hospitalar Médio Tejo - Hospital Rainha Santa Isabel (Torres Novas)
André Gonçalves, Marisa Roldão, Ana Sanches, Sónia Martins, Margarida Carvalho
Título: Crise convulsiva, uma manifestação atípica de Neurossífilis: a case report.
Introdução: O atingimento do sistema nervoso pela sífilis pode ocorrer em qualquer estadio da doença, manifestando-se de diversas formas clínicas, que podem mimetizar outras patologias cerebrovasculares. As formas clássicas da doença variam entre precoce e tardia, no entanto têm surgido casos de manifestações atípicas que não se enquadram nesta classificação, o que constitui um desafio diagnóstico.
Caso Clínico: Homem de 59 anos, sem antecedentes prévios, trazido ao serviço de urgência (SU) por crise convulsiva inaugural, que não cedeu à terapêutica, evoluindo para estado de mal epilético. Analiticamente sem alterações de relevo. Realizou TC-CE e RM-CE que evidenciaram lesões temporais bilaterais. Serologicamente com VDRL, Ac. TP IgM e IgG positivos. Punção lombar com 30 leucócitos/mm3, proteinorráquia, sem consumo de glicose, com VDRL positivo. Admitida neurossífilis, cumpriu antibioterapia com penicilina G (4 milhões de unidades (MU)) durante 14 dias com melhoria, sem défices neurológicos focais à data de alta.
Regressou, após uma semana, ao SU por alucinações visuais e desorientação. À admissão sem défices neurológicos focais. Repetiu TC-CE, sem alterações de relevo e RM-CE com evolução imagiológica favorável comparativamente a exame prévio. Mantinha serologicamente VDRL, Ac. TP IgM e IgG positivos. Pesquisa de VDRL no líquor negativa. Iniciou novo ciclo de penicilina G (4 MU). Como intercorrência apresentou surto psicótico inaugural, tendo sido transferido para o serviço de Psiquiatria, com melhoria do quadro e posterior alta. Após 8 meses do episódio inicial, recorreu novamente ao SU por prostração e disfagia. À admissão, não colaborante, sem resposta verbal, com hemiparesia direita de predomínio braquial. Analiticamente sem alterações de relevo, com serologias positivas para VDRL, Ac. TP IgM e IgG. Repetiu TC-CE e RM-CE com evidente progressão das lesões temporais bilaterais, com atingimento do parênquima cerebral (encefalite sifilítica), e enfarte recente em território das artérias lenticulostriadas laterais (sífilis meningovascular). Admitido AVC isquémico secundário a sífilis meningovascular, optou-se por iniciar tratamento com ceftriaxone, posteriormente alterado para penicilina G (4 MU), por toxicidade hepática iatrogénica. Permanece à data em regime de internamento.
Discussão: Apresenta-se este caso como exemplo de manifestação inaugural atípica da neurossífilis, onde se enquadra a crise convulsiva, com posterior evolução desfavorável, com achados que se enquadram na forma de apresentação precoce (sífilis meningovascular) e tardia (encefalite sifilítica) da doença. Pretende-se assim, alertar para a dificuldade na classificação deste tipo de doentes que inicialmente não se encaixam nas formas clássicas de neurossífilis, ressalvando a importância da inclusão de achados clínicos e imagiológicos atípicos na hora de estabelecer o diagnóstico diferencial.