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DOENTES ONCOLÓGICOS EM CUIDADOS INTENSIVOS
Doenças oncológicas - Comunicação
Congresso ID: CO049 - Resumo ID: 875
CHUC
Laura Machado, Ana Catarino, Bárbara Marques, Ana Marques, Paula Casanova, Arsénio Santos, Armando Carvalho
Introdução: O número de doentes a viver com cancro tem vindo a aumentar. Para isso contribui o envelhecimento da população, a maior capacidade diagnóstica e a diminuição da mortalidade. A admissão em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) pode ser necessária na abordagem da doença aguda associada a neoplasia ou pelas complicações dos tratamentos; 5% dos doentes com tumores sólidos e até 15% dos doentes com neoplasias hematológicas necessitam de admissão em UCI devido a complicações agudas durante as fases iniciais de doença.
Objetivo: Avaliar as características dos doentes oncológicos numa UCI, particularmente o diagnóstico de admissão, relacionado ou não com a neoplasia ou o tratamento oncológico, a evolução e a mortalidade.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo de 99 doentes oncológicos admitidos numa UCI entre janeiro e dezembro de 2016.
Resultados: De 638 doentes admitidos na UCI em 12 meses, 99 (15,5%) tinham cancro: 70 (70,7%) tumor sólido e 29 (29,3%) doença hematológica maligna. SAPS II: 45,9±17,6. Vinte e dois (81,5%) dos doentes com neoplasias hematológicas foram admitidos devido a complicações médicas, em 18 (55,4%) diretamente relacionadas com a neoplasia ou com o seu tratamento. Pelo contrário, nos tumores sólidos, a patologia cirúrgica foi a principal causa de admissão na UCI: 56 (77,8%) dos casos, sendo 31 (55,4%) complicações da cirurgia oncológica eletiva, 20 (35,7%) após cirurgia urgente relacionada com a doença e 5 (8,9%) após cirurgias não relacionadas com a doença ou com o tratamento. A taxa de mortalidade dos doentes oncológicos foi maior (39,4%) quando comparada com a população não oncológica. Os doentes com neoplasias hematológicas tiveram uma taxa de mortalidade de 63% e os doentes com tumores sólidos de 30,6%.
Conclusões: Os doentes com neoplasias sólidas tiveram maior probabilidade de serem admitidos em UCI no contexto de patologia cirúrgica e os doentes hemato-oncológicos risco mais elevado de complicações médicas. A mortalidade dos doentes com neoplasias sólidas foi semelhante à mortalidade de doentes não-oncológicos em UCI. No entanto, os doentes com neoplasias hematológicas tiveram um prognóstico muito pior. A admissão dos doentes oncológicos em UCI deve ser equacionada sobretudo tendo em conta a gravidade da doença aguda, potencial reversibilidade e o estado funcional prévio do doente, com um plano de tratamento oncológico bem definido. Assim poderá ser necessário o desenvolvimento de critérios de admissão mais objetivos para esta população, complementares dos critérios clínicos habituais, mantendo sempre um diálogo entre Intensivistas, Oncologistas, Hematologistas e Internistas.