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INFECÇÕES DA CORRENTE SANGUÍNEA NUM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA
Doenças infeciosas e parasitárias - Comunicação
Congresso ID: CO206 - Resumo ID: 877
Serviço de Medicina 2.1 - Hospital Santo António dos Capuchos, Centro Hospitalar Lisboa Central
Ana Bravo, Cláudia Janeiro, Daniela Carneiro, Inês Urmal, Rosário Eça, Helena Estrada
Introdução: As infecções da corrente sanguínea (ICS) estão associadas a elevada mortalidade quando não reconhecidas a tempo. Existem factores de risco intrínsecos e extrínsecos, como idade avançada, neoplasias, diabetes mellitus, terapêutica imunossupressora e procedimentos invasivos. A identificação do local primário da infecção é fundamental para a escolha da antibioterapia empírica e para eventual controlo do foco.
O objectivo deste estudo consiste em caracterizar os doentes com infecções da corrente sanguínea numa enfermaria de Medicina Interna de um hospital central nos dois últimos anos.

Material e métodos: Análise retrospectiva dos episódios de ICS nos doentes internados num Serviço de Medicina Interna de Janeiro de 2017 a Dezembro de 2018. Avaliaram-se as características demográficas, factores de risco intrínsecos e extrínsecos, a origem da bacteriémia e os microorganismos identificados.

Resultados: Foram incluídas 98 ICS em 94 doentes, das quais 69,4% (68) comunitárias e 30,6% (30) nosocomiais. As ICS comunitárias ocorreram em 68 doentes, 97% admitidos a partir do Serviço de Urgência (SU). Apresentavam idade média de 76,4 anos e 52,9% eram do sexo masculino. A demora média de internamento foi 12,5 dias. Dos 68 doentes, 61 tinham ICS secundárias, com focos urinário (36), respiratório (8), pele e tecidos moles (8) e gastro-intestinal (5) como mais frequentes, e 7 tinham ICS primárias, 5 das quais a S. aureus meticilina resistente (MRSA). Os microorganismos mais frequentemente isolados foram E. Coli, em 25 episódios, seguido de MRSA (6), S. pneumoniae (6), K.pneumoniae (4), P.aeruginosa (3), S. aureus meticilina sensível (MSSA) (3) e E.faecalis (3). A maioria dos doentes teve alta (48) ou foi transferida (7) e 13 faleceram, o que corresponde a uma taxa de mortalidade de 19,1%. Em cerca de 17% doentes (12), existiam pelo menos 3 factores de risco intrínsecos ou extrínsecos.
Em relação às ICS nosocomiais, ocorreram 30 casos em 26 doentes, salientando-se 4 doentes com 2 ICS nosocomiais em momentos diferentes do mesmo internamento. Do SU foram admitidos 22 doentes (84,6%), com idade média de 79,2 anos e 76,9% eram do sexo masculino. A demora média de internamento foi de 29,9 dias. Dos 26 doentes, 8 apresentavam ICS primárias, uma das quais com isolamento de Candida, e os restantes com ICS secundárias, sendo os focos urinário (9), intra-abdominal (3) e respiratório (3) os mais frequentes. Os isolamentos mais frequentes foram MSSA (10), MRSA (6), K.pneumoniae (7) e E.Coli (3). A taxa de mortalidade foi de 42,3% (11 doentes); 6 doentes foram transferidos e 9 tiveram alta. Cerca de 46% dos doentes (12) com ICS nosocomiais tinham 3 ou mais factores de risco.

Conclusão: As ICS continuam a desempenhar um papel importante nos doentes internados, particularmente as ICS nosocomiais, com elevada taxa de mortalidade. É essencial prevenir, através do controlo de possíveis factores de risco extrínsecos, além de reconhecer e actuar precocemente.