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CARACTERIZAÇÃO DOS DOENTES COM PNEUMONIA INTERNADOS NUM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA
Doenças respiratórias - Comunicação
Congresso ID: CO077 - Resumo ID: 881
Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca
Miguel Achega, Catarina Rodrigues, Margarida Monteiro, Joana Urzal, Fernando Aldomiro
Introdução
A pneumonia é uma das principais causas de internamento em Portugal, tendo-se verificado 40519 internamentos por esta patologia em 2016. Estes doentes apresentam importante morbimortalidade. Constitui a principal causa de mortalidade por doença respiratória em Portugal, colocando-nos como o país com a mais elevada taxa de mortalidade por pneumonias entre os países da OCDE.

Objetivos
Caracterizar os doentes com diagnóstico de Pneumonia internados num Serviço de Medicina.

Métodos
Estudo retrospetivo de todos os doentes internados com o diagnóstico de Pneumonia, num Serviço de Medicina Interna entre 01 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2016. Foram recolhidos: dados epidemiológicos, tempo de internamento, scores de gravidade, comorbilidades, ciclos antibióticos, isolamentos microbiológicos e mortalidade. Os dados foram colhidos através do processo clínico de cada doente, com análise realizada no Excel®2016.

Resultados
Analisaram-se 318 episódios de internamento com diagnóstico de Pneumonia (24,8% do total de Internamentos), correspondendo a um total de 300 doentes. Destes, 60% (n=181) eram homens, 95% (n=284) caucasianos e 55% (n=165) autónomos, com idade média de 73,7±15,3 anos. Em 73% (n=233) dos episódios a Pneumonia foi o diagnóstico principal, sendo que 60% (n=190) correspondeu a pneumonia adquirida na comunidade. Mais de 90% dos doentes apresentavam pelo menos uma comorbilidade: 78,3% (n=235) doença cardiovascular, 30,6% (n=92) diabetes, 35,6% (n=107) DPOC, 20% (n=60) doença renal crónica, 26% (n=78) síndrome demencial, 19% (n=57) neoplasia e VIH 1% (n=3). Em 22% (n=70) foi necessário mais de um ciclo de antibioterapia, administrada durante 10,7 dias, em média, por doente. A antibioterapia foi dirigida por teste de sensibilidade em hemoculturas e cultura de secreções brônquicas em apenas 5% (n=16). Streptococcus pneumoniae e Staphylococcus aureus foram os agentes mais frequentemente isolados. Obteve-se uma média de internamento de 19,03±16,76 dias e uma taxa de mortalidade de 21,6% (n=65). Verificou-se que 54% (n=171) dos doentes apresentavam um CURB-65 superior ou igual a 3, sendo que neste grupo a idade média era comparativamente superior (88 vs 66 anos) e a taxa de mortalidade substancialmente maior (30% vs 9%).

Conclusões
Em linha com a estatística da DGS, os doentes internados neste Serviço de Medicina com diagnóstico de Pneumonia apresentaram uma idade média elevada, presença de múltiplas comorbilidades e uma taxa de mortalidade elevada. A antibioterapia dirigida foi utilizado numa percentagem muito reduzida dos casos. O CURB-65 constituiu um preditor útil e prático para avaliar a gravidade e mortalidade do doente com pneumonia.
Estes resultados reforçam a importância da abordagem célere, assertiva e integradora de comorbilidades, nos doentes com Pneumonia.