Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca

Os melanomas malignos podem apresentar-se sob a forma de metástases, com lesão primária oculta, apenas em 2 a 3% dos casos. Cerca de 90% dos melanomas têm origem cutânea, mas também podem ser identificados em órgãos viscerais ou gânglios linfáticos, não sendo possível detectar a localização primária. Este fenómeno pode ser explicado pela sua regressão cutânea ou por mutação aberrante de melanócitos no gânglio linfático.
Os autores apresentam o caso de um doente de 77 anos, sem antecedentes pessoais relevantes no contexto, que recorreu à consulta de Medicina Interna por tumefacção inguinal direita de volumosas dimensões, já caracterizada por ecografia, com 17 x 12 cm de diâmetros transversal e longitudinal respectivamente, sem plano de clivagem com os músculos anteriores da raiz da coxa, devendo ser feito diagnóstico diferencial entre metástase necrosada e adenopatia infecciosa. Após realização de tomografia computorizada que confirmou os resultados ecográficos, sem identificação de mais lesões, foi submetido a cirurgia de excisão da massa e a análise anatomo-patológica evidenciou metástase linfática de melanoma maligno. Não se identificaram lesões cutâneas, nem através da história clínica, nem por exame objectivo detalhado, nomeadamente exame oftalmológico e endoscópico. Pela análise molecular, o doente não tinha indicação para target therapy oncológica, pelo que iniciou radioterapia adjuvante.
Este é um caso raro de metastização ganglionar de melanoma maligno, que nos impressionou pela sua volumosa dimensão, pelas características imagiológicas incomuns e pelo facto de o diagnóstico ser, de facto, muito inesperado. O prognóstico é mais favorável nestes casos, quando não é possível a identificação da localização primária do melanoma maligno, sendo o intuito terapêutico muitas vezes curativo.