E. COLI - UM PERCURSO MULTIORGÂNICO
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P557 - Resumo ID: 888
Hospital Vila Franca de Xira
Diana Falcão, Luísa Teixeira, Carolina Cadório, Alexandra Pousinha, Mónica Reis, João Louro, José Barata
Introdução
A endoftalmite é uma condição inflamatória das cavidades intraoculares geralmente causada por infeção que pode ser endógena ou exógena. A endoftalmite endógena (EE) resulta da disseminação hematogênica dos microorganismos. A EE é uma patologia rara, representando 2% a 15% de todas as causas de endoftalmite, com uma incidência anual de 5/10.000 doentes hospitalizados e apenas 5-10% é devida a E. coli. O foco primário mais comum é a infeção do trato urinário, sendo quase todos os doentes diabéticos. O olho direito tem duas vezes mais probabilidades de ser afetado.
Caso Clínico
Apresenta-se o caso de uma mulher de 75 anos, autónoma, com diabetes mellitus tipo 2, glaucoma do olho direito com amaurose e litíase renal. Recorre ao serviço de urgência por febre e disúria com 3 dias de evolução. À observação salientava-se conjuntivite purulenta à direita, febre e murphy renal positivo à esquerda. Analiticamente apresentava elevação franca dos parâmetros inflamatórios. Internada com o diagnóstico de pielonefrite aguda esquerda. Do estudo complementar dirigido destaca-se o isolamento de E. Coli nas culturas realizadas (sangue e urina) e ecografia renal a revelar diminuição da espessura do parênquima e da diferenciação parenquimossinusal principalmente à esquerda. Posteriormente a doente apresenta clínica compatível com endoftalmite direita. Realizada TC das órbitas a evidenciar aumento da densidade do globo ocular direito com paredes irregulares relacionável com processo infecioso, tendo sido submetida a enucleação do olho direito, com microbiologia da peça a revelar E. coli com teste de sensibilidade aos antibióticos (TSA) igual a estirpe isolada na urina. Posteriormente, por sopro sistólico de novo e suspeita clínica de endocardite infeciosa, é realizado ecocardiograma transesofágico que revela imagem na válvula aórtica compatível com vegetação. Sob antibioterapia dirigida por TSA, a doente apresentou evolução clínica e analítica favorável, tendo tido alta com seguimento posterior em consulta de medicina interna e oftalmologia, que mantém até à data.
Discussão
Neste caso, destaca-se a importância da avaliação holística do doente com bacteriemia, não menosprezando sinais potencialmente indiciadores das complicações associadas, que podem ser múltiplas e de localização rara, como a endoftalmite. Na EE, atendendo à evolução rápida e mau prognóstico, o reconhecimento precoce e o tratamento adequado são cruciais. Assim, um exame objetivo cuidado e a condução da marcha diagnóstica dirigida aos achados é fundamental na diminuição da morbi-mortalidade associada à bacteriemia.
A endoftalmite é uma condição inflamatória das cavidades intraoculares geralmente causada por infeção que pode ser endógena ou exógena. A endoftalmite endógena (EE) resulta da disseminação hematogênica dos microorganismos. A EE é uma patologia rara, representando 2% a 15% de todas as causas de endoftalmite, com uma incidência anual de 5/10.000 doentes hospitalizados e apenas 5-10% é devida a E. coli. O foco primário mais comum é a infeção do trato urinário, sendo quase todos os doentes diabéticos. O olho direito tem duas vezes mais probabilidades de ser afetado.
Caso Clínico
Apresenta-se o caso de uma mulher de 75 anos, autónoma, com diabetes mellitus tipo 2, glaucoma do olho direito com amaurose e litíase renal. Recorre ao serviço de urgência por febre e disúria com 3 dias de evolução. À observação salientava-se conjuntivite purulenta à direita, febre e murphy renal positivo à esquerda. Analiticamente apresentava elevação franca dos parâmetros inflamatórios. Internada com o diagnóstico de pielonefrite aguda esquerda. Do estudo complementar dirigido destaca-se o isolamento de E. Coli nas culturas realizadas (sangue e urina) e ecografia renal a revelar diminuição da espessura do parênquima e da diferenciação parenquimossinusal principalmente à esquerda. Posteriormente a doente apresenta clínica compatível com endoftalmite direita. Realizada TC das órbitas a evidenciar aumento da densidade do globo ocular direito com paredes irregulares relacionável com processo infecioso, tendo sido submetida a enucleação do olho direito, com microbiologia da peça a revelar E. coli com teste de sensibilidade aos antibióticos (TSA) igual a estirpe isolada na urina. Posteriormente, por sopro sistólico de novo e suspeita clínica de endocardite infeciosa, é realizado ecocardiograma transesofágico que revela imagem na válvula aórtica compatível com vegetação. Sob antibioterapia dirigida por TSA, a doente apresentou evolução clínica e analítica favorável, tendo tido alta com seguimento posterior em consulta de medicina interna e oftalmologia, que mantém até à data.
Discussão
Neste caso, destaca-se a importância da avaliação holística do doente com bacteriemia, não menosprezando sinais potencialmente indiciadores das complicações associadas, que podem ser múltiplas e de localização rara, como a endoftalmite. Na EE, atendendo à evolução rápida e mau prognóstico, o reconhecimento precoce e o tratamento adequado são cruciais. Assim, um exame objetivo cuidado e a condução da marcha diagnóstica dirigida aos achados é fundamental na diminuição da morbi-mortalidade associada à bacteriemia.