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PULMÃO ROUBA CORAÇÃO. A CORONÁRIA DEMASIADO GENEROSA.
Doenças cardiovasculares - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG125 - Resumo ID: 894
Serviço de Medicina 2 - Centro Hospitalar de Leiria
Ana Albuquerque, Cláudio Quintaneiro, Hélia Martins, Helena Carrondo, Célio Fernandes
Os autores apresentam o caso de uma mulher de 48 anos raça negra, admitida no Serviço de Urgência por pré-cordialgia com 1 hora de evolução sem outros sinais ou sintomas, e orientada como VVcoronária. Dos antecedentes relevantes a referir dupla laqueação do canal arterial patente aos 15 anos e substituição da válvula aórtica por prótese mecânica aos 40 anos, encontrando-se anticoagulada com varfarina.
No ECG exibia sinais compatíveis com bloqueio de ramo direito, previamente conhecido. Analiticamente apresentava elevação marcada das enzimas cardíacas com troponina T de 234303.4 pg/mL, CK de 6838 U/L, CK-MB de 772U/L, TGO de 938 U/L, LDH de 1399 U/L. Contactou-se a cardiologia que realizou coronariografia identificando-se uma fístula entre a coronária descendente e a artéria pulmonar, apresentando débito significativo para a circulação pulmonar. Não foram evidentes lesões oclusivas das artérias coronárias. O diagnóstico final foi de EAMSSST secundário a fístula coronária.
Discussão: As fístulas coronárias são raras e ocorrem em apenas 1-2% da população geral, correspondendo a cerca de 0.05-0.25% dos achados angiográficos. São maioritariamente assintomáticas, sendo que fístulas com maior calibre e fluxo podem manifestar-se como angina, insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar ou como EAM (3-5%). Apesar de não existirem dados suficientes, sabe-se que na sua maioria são congénitas e em cerca de 50% dos casos têm origem na artéria coronária direita. Relativamente às fístulas coronárias adquiridas estas podem surgir após traumas, cirurgias cardíacas ou angioplastias cardíacas.
Neste caso a presença de um shunt conduziu a um fenómeno de roubo coronário, secundário ao marcado fluxo sanguíneo distal à fístula com consequente isquémia do miocárdio. Considera-se o caso merecedor de apresentação pela raridade mas também pela potencial gravidade em situação de doente agudo.