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PREVALÊNCIA DE POLIFARMÁCIA E DE FÁRMACOS POTENCIALMENTE INAPROPRIADOS NUMA POPULAÇÃO EM IDADE GERIÁTRICA
Medicina Geriátrica - Poster com Apresentação
Congresso ID: PO106 - Resumo ID: 895
Serviço de Medicina Interna - Hospital Garcia de Orta
Francisca Abecasis, Mafalda Sequeira, Joana Santos, Bárbara Saraiva, Henrique Santos
Introdução: O aumento da esperança de vida condicionou um maior grau de complexidade dos doentes avaliados pelo Internista. A pluripatologia e o aumento da fragilidade leva a que a polifarmácia (PF), definida como prescrição de cinco ou mais fármacos, seja um problema de saúde pública.
São vastamente conhecidos os efeitos adversos da prescrição de fármacos potencialmente inapropriados (FPI) em idade geriátrica. O Internista, tendo um papel central na gestão do doente idoso, deverá estar atento a esta problemática contribuindo para o aumento do número de anos com qualidade de vida.

Objetivo: Avaliar as características de prescrição numa população geriátrica e o papel do Internista na contribuição para redução da polifarmácia e uso de FPI.

Material e Métodos: Estudo retrospectivo com amostra constituída por 100 doentes com idade igual ou superior a 65 anos internados num serviço de Medicina Interna entre Dezembro de 2018 e Fevereiro de 2019. Os FPI foram determinados de acordo com os critérios de Beers de 2015. Os dados foram obtidos através dos registos clínicos e relatórios de alta. A análise estatística foi realizada com o programa Microsoft Excel.

Resultados: Dos doentes analisados 51 eram do sexo masculino e a idade média foi de 81,26 anos revelando uma importante expressão de doentes muito idosos (idade igual ou superior a 80 anos) (58%). No que respeita ao grau de autonomia prévio 43 doentes eram autónomos, 22 totalmente dependentes e os restantes dependiam parcialmente de terceiros.
No que se refere ao acompanhamento médico prévio: 27 doentes eram seguidos em consulta de Medicina Interna, 55 pelo médico de família, nove em consulta hospitalar de outra especialidade e nove em consulta privada.
Previamente ao internamento, 85% dos doentes estavam polimedicados (máximo 18 classes farmacológicas) sendo que apenas três doentes não tinham qualquer FPI prescrito. A média de fármacos à admissão foi 8,15. Os FPI mais frequentes foram os diuréticos (em 52 doentes), os antiagregantes (42 doentes) e os inibidores da bomba de protões (32 doentes). Treze doentes estavam medicados com 3 ou mais fármacos com ação direta no sistema nervoso central.
À data de alta a média de fármacos prescritos para ambulatório foi de 7,95, mantendo-se uma elevada taxa de PF (86% dos doentes).
Foram suspensos FPI em 32 doentes e destes em 21 o motivo para suspensão foi considerar tratar-se de um FPI (em oposição a outro motivo clínico). Em média foram prescritos para ambulatório 2,7 FPI.

Conclusão: Pretende-se evidenciar com este trabalho a elevada prevalência de PF na população idosa estudada, alertando para os potenciais efeitos indesejáveis de algum dos fármacos prescritos, particularmente os FPI.
No momento de alta hospitalar deverá ser estimulada a revisão terapêutica, prática por vezes negligenciada na atividade quotidiana.