O Tumor Fibroso Solitário (TFS) da Pleura é uma entidade rara, caracterizada pela proliferação de células fusiformes de origem mesenquimatosa, responsável por <2% de todos os tumores de tecidos moles. Sem clínica específica, muitas vezes um achado imagiológico, desafiando o exercício do diagnóstico diferencial. A terapêutica assenta na ressecção cirúrgica, sendo o diagnóstico definitivo imuno-histoquímico.
Mulher de 52 anos, operária fabril, com exposição a amianto (+/- há 15 anos), e história de tabagismo activo (30 UMA). Recorreu ao Serviço de Urgência (SU) por quadro de agravamento progressive com 4 dias de evolução de febre (39ºC), tosse acessual com toracalgia esquerda de características pleuríticas, sensação de dispneia, e astenia. À admissão, com broncoespasmo exuberante, insuficiência respiratória parcial (PaO2: 55 mmHg), discreto aumento dos parâmetros inflamatórios, com radiografia torácica a demonstrar infiltrado intersticial bilateral. Realizou TAC torácica que evidenciou “nos segmentos posteriores dos lobos superiores padrão de vidro despolido... e espessamento pleural costal posterior esquerdo (4x2 cm) ao nível dos 9º e 10º arcos costais, de densidade tissular...”. Em internamento, diagnosticada pneumonia a influenza A H1N1 (2009), tendo cumprido ciclo de oseltamivir, com melhoria. Para esclarecimento do achado pleural, realizou angioTAC torácica que revelou “lesão ocupando espaço, sólida, hipervascular, com intensa impregnação por contraste... 34x28 mm...”, e posterior BATT com histopatologia e imuno-histoquímica compatível com Tumor Fibroso Pleural. Submetida a resseção atípica da lesão.
Pela história de exposição a amianto, a massa pleural tornou-se desde cedo a questão central do internamento, dada a possibilidade de mesotelioma. Mesmo com prognóstico mais favorável, o Tumor Fibroso Solitário da pleural apresenta um comportamento biológico incerto, pelo que mantém follow-up apertado na Pneumologia e Cirurgia Torácica.