Hospital da Senhora da Oliveira - Guimarães, Serviço de Medicina Interna

Doente de 73 anos, com vários AVCs hemorrágicos prévios. Observada no Serviço de Urgência por sinais inflamatórios da anca esquerda. Realiza TC onde se documenta “Coleção nas partes moles peritrocantéricas à esquerda com um componente subcutâneo (pré fascial) com área espontaneamente hiperdensa compatível com hematoma e um componente intramuscular (pós fascial) no interior da vertente lateral do músculo glúteo médio nesta região. As coleções encontram-se em contacto e medem em conjunto ~11,5x11,5x8,5cm (APxLxT). Estas coleções contactam com uma úlcera vista nesta região, verificando-se múltiplas bolhas de gás no interior das colecções, sendo os aspetos compatíveis com infeção superposta, pela porta de entrada através da lesão ulcerada. Densificação da gordura subcutânea adjacente em relação com fenómenos de celulite.” Teve alta clínica medicada com amoxicilina/ácido clavulânico.
Uma semana depois novamente trazida ao Serviço de Urgência por agravamento dos sinais inflamatórios e por dificuldade respiratória. Ao exame físico apresentava drenagem purulenta pela úlcera trocantérica e flutuação à palpação. É observada por Cirurgia Geral, que propõe antibioterapia. Fica internada por sépsis com ponto de partida em fasceíte necrotizante e por pneumonia de aspiração.
Durante internamento cumpriu antibioterapia com piperacilina/tazobactam e linezolide. Em dia 4 de antibioterapia mantinha sinais inflamatórios exuberantes. Foi solicitada TC de controlo onde se constata franco agravamento das lesões de fasceíte necrotizante.
É novamente observada por Cirurgia Geral e decidida limpeza cirúrgica.
As imagens espelham a evolução natural de um processo infecioso profundo dos tecidos moles, no qual na maioria das vezes a antibioterapia não é suficiente, tornando-se necessário desbridamento cirúrgico.