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VACINAÇÃO NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA – UMA ESTRATÉGIA MODIFICADORA DE DOENÇA POUCO APLICADA
Doenças cardiovasculares - Comunicação
Congresso ID: CO201 - Resumo ID: 930
Centro Hospitalar Lisboa Norte
Beatriz Valente Silva, Daniel Costa Gomes, Ana de Matos Valadas, Inês Silva
Introdução:
As infeções respiratórias são uma causa major de morbimortalidade nos doentes com insuficiência cardíaca (IC). A vacinação para vírus influenza e Streptococcus pneumoniae ao reduzir a incidência e/ou gravidade das infeções respiratórias previne as descompensações de IC, reduz a necessidade de internamento e a morbimortalidade associada. A vacinação regular e a vacinação no primeiro período da época vacinal tem impacto mais favorável comparativamente com a vacinação intermitente ou tardia.

Objetivos:
Determinar a taxa de vacinação para influenza e para S. pneumoniae numa população de doentes internados com diagnóstico primário ou secundário de IC.

Métodos:
Foram incluídos todos os doentes com idade superior a 65 anos internados num serviço de Medicina Interna com o diagnóstico de IC crónica, no período compreendido entre 1/11/2018 e 15/02/2019. Analisaram-se retrospetivamente as características demográficas e clínicas e os resultados de pesquisa de vírus respiratórios. Consultou-se a Plataforma de Dados da Saúde para recolher informação relativa à vacinação para influenza e S. pneumoniae para as épocas vacinais 2017-2018 e 2018-2019.

Resultados:
Foram incluídos 152 doentes, 53,9% do sexo feminino, com uma idade média de 81,14 ± 9,25 anos e um tempo mediano de internamento de 6 dias (IQR 5). A cobertura vacinal para influenza na época 2017-2018 foi de 44,7% (n=68) e na 2018-2019 foi de 38,8% (n=59). Destes últimos 67,8% foram vacinados no período precoce de vacinação (até 15 Novembro). A vacinação nas duas épocas consecutivas verificou-se em 27,6% (n=42) dos doentes. A cobertura vacinal conjunta para influenza e S. pneumoniae foi de 10,52% (n=16).
A infeção respiratória foi causa de admissão em 51,9% (n=79), com isolamento de influenza A em 10,1% (n=8), sete dos quais não se encontravam vacinados. Dos doentes admitidos com infeção respiratória 34,5% apresentava simultaneamente descompensação de IC.
Das comorbilidades avaliadas apenas a doença arterial coronária e as neoplasias influenciaram positivamente o número de doentes vacinados (p=0.02; p=0.02, respetivamente). Não se verificou uma associação entre a vacinação e a idade, tratamento com anticoagulantes ou o número cumulativo de comorbilidades (p=0,954; p=0,601; p=0.234, respetivamente).

Conclusão:
A taxa de vacinação para Influenza e S. pneumoniae neste estudo encontra-se abaixo dos dados disponíveis na literatura internacional, reportada em cerca de 70%. Verifica-se também que a maioria dos doentes se vacina de forma intermitente, com um decréscimo da cobertura vacinal da época 2017-2018 para a 2018-2019, o que acompanha a tendência verificada internacionalmente.
A vacinação para influenza é uma intervenção custo efetiva, segura e de fácil acesso, devendo ser encarada como uma estratégia modificadora de doença na Insuficiência Cardíaca.