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FA E ANEMIA NUM SERVIÇO DE MEDICINA – ESTUDO RETROSPECTIVO
Doenças cardiovasculares - Comunicação
Congresso ID: CO160 - Resumo ID: 932
Unidade de Local de Saúde de Matosinhos
Mário Bibi, Alda Tavares, Sara Moreira Pinto, Rute Ferreira, Cristina Rosário
Introdução
A fibrilhação auricular (FA) é a arritmia cardíaca sustentada mais frequente. Alguns estudos recentes, nomeadamente relativos aos anticoagulantes diretos orais, tendem a demonstrar que a anemia quando presente em doentes com FA pode estar associada a maior mortalidade, maior risco de internamentos e a maior risco de complicações hemorrágicas e isquémicas.

Objetivo
Procurou-se saber se a presença de anemia tem impacto em termos de prognóstico, nomeadamente, morte em internamento e aos 12 meses, bem como no reinternamento hospitalar no prazo de um ano, em doentes internados por FA numa população portuguesa.

Material e métodos
Realizou-se um estudo retrospetivo, analisando os doentes internados entre Abril de 2014 e Junho de 2015 num Serviço de Medicina Interna em que o diagnóstico de FA foi inaugural ou constituiu um dos motivos de internamento. Excluíram-se os doentes cuja FA não constituiu um problema ativo durante o internamento. Foram recolhidos dados epidemiológicos, clínicos e analíticos. Foram realizados testes de Q quadro e de Mann-Whitney, definindo-se resultados estaticamente significativos para p < 0,05.

Resultados
Foram analisados um total de 236 internamentos, correspondendo a 214 doentes distintos. Sessenta e seis por cento dos doentes eram do sexo feminino e a média de idades situou-se nos 77 anos. A maioria das FA classificaram-se como permanentes à saída do internamento (53%), 41% eram FA inaugurais e 42% dos doentes apresentava anemia (hemoglobina inferior a 12 g/dl) à data de admissão. À data de alta foram hipocoagulados 65% dos doentes com anemia e 72% dos doentes sem anemia, diferençanão significativa (p=0,297). Morreram em internamento 11,2% dos doentes com anemia e 9,4% dos doentes sem anemia. No 1º ano após a alta ocorreu a morte de 31,6% dos doentes com anemia e 21,7% dos doentes sem anemia. Não houve associação entre as variáveis óbito e anemia (p=0,651 no caso da morte no internamento e p=0,887 na morte no ano após alta). Quanto aos reinternamentos durante os 12 meses após alta, o valor médio de reinternamentos por doente foi de 1,32 nos com anemia e de 0,67 nos sem anemia (p=0,01). Dos 221 reinternamentos analisados apenas 2 se reportaram a complicações hemorrágicas e não foram encontrados resultados estaticamente significativos nos reinternamentos por eventos isquémicos.

Conclusão
A presença de anemia em doentes internados com FA associou-se a um aumento do número de reinternamentos, e uma tendência para maior mortalidade. No entanto, é impossível afirmar se esta associação se reportará a uma relação causal ou apenas a um marcador de prognóstico. Pretendemos com este trabalho alertar para esta associação, sendo que será importante em estudos prospetivos perceber se a investigação e tratamento da anemia influenciará o prognóstico destes doentes.