23

24

25

26
 
ENTEROBACTERIACEA PRODUTORES DE CARBAPENEMASES, UMA REALIDADE DAS ENFERMARIAS DE MEDICINA INTERNA
Doenças infeciosas e parasitárias - Comunicação
Congresso ID: CO098 - Resumo ID: 939
Serviço de Medicina IV, Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, Amadora
Joana Azevedo Carvalho, Miguel Trindade, Catarina Favas, Ana Bastos Furtado, José Delgado Alves
A prevalência das Enterobacteriaceas produtoras de carbapenemases (EPC) tem aumentado de forma exponencial desde 2011 sendo uma realidade cada mais comum nas enfermarias. A infecção por estas estirpes acarreta um risco acrescido de mortalidade que atinge os 41%, em alguns estudos. Os principais factores de risco identificados são os procedimentos invasivos e o tempo de antibioterapia prévia. Existem medidas de controlo de foco estandardizadas nacionais e internacionais e indicações sobre as opções terapêuticas recomendadas nas infecções a EPC, muitas vezes desconhecidas.
O estudo apresentado tem como objectivo a caracterização de uma população de doentes com isolamento de EPC internados num serviço de Medicina Interna, após um surto por estes microrganismos.
Estudo descritivo, retrospectivo da população de doentes internados com amostra biológica positiva para EPC durante o período de Janeiro de 2017 a Dezembro de 2018. A recolha de dados foi feita através da consulta dos processos em sistema informático Soarian®.
A população em estudo é constituída por 31 doentes, na sua maioria do sexo feminino (56.7%), com uma média de idade de 75.7 (±10,4) anos e um índice de comorbilidade de Charlson médio de 6,5. Dos 31 doentes, 36% provinha de unidade de cuidados intensivos (UCI). A duração média de internamento hospitalar atingiu os 42,7 dias, dos quais apenas 24,5 dias foram de internamento activo. Os três principais diagnósticos à admissão foram o choque séptico (n=7), pneumonia associada aos cuidados de saúde (n=5) e as infecções do trato urinário (n=3). Como potenciais fatores predisponentes, 58.1% dos doentes apresentavam internamento prévio há menos de 6 meses e com uma taxa de exposição antibiótica nos últimos 3 meses de 51.6%. Verificou-se uma elevada exposição antibioterapia de largo especto durante o internamento, nomeadamente, 38.7% dos doentes foram expostos a meropenem. A mais de 2/3 dos doentes foi colocada cateterização vesical. Quanto aos resultados microbiológicos, 56.1% foram isolamentos em amostra de urina, seguindo-se a expectoração em 19.5% e o sangue em 12,2%. Dos tipos enzimáticos de carbapenemases, 73.3% eram OXA48. No que toca à sensibilidade, 26.7% dos isolamentos eram resistentes a meropenem, 73.3% à ciprofloxacina e 43.3% à fosfomicina. Em cerca de 22,6% dos doentes foi assumida colonização. Um terço da população faleceu durante o internamento, em média 19.9 dias após o último isolamento positivo.
Tal como descrito na literatura, a antibioterapia, exposição a procedimentos invasivos e a mortalidade hospitalar são reprodutíveis na nossa população. Destaca-se a estadia em UCI e o internamento prolongado como potenciais factores de risco a serem considerados. As EPC tornaram-se numa realidade preocupante, motivando a tomada de medidas preventivas, de onde se destaca o uso racional do antibiótico.