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HEPATITE A RECIDIVANTE A PROPOSITO DE UM CASO CLINICO
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P535 - Resumo ID: 954
Hospital Curry Cabral, Medicina 7.2; Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
Mariana Popovici, Mario Ferraz, Matilde Fraga, Jorge Fernandes, Paolo Iacomini, Eunice Patarata, Catarina Pereira, Antonio Panarra
Introdução: A hepatite A é uma infecção aguda, causada por um vírus ARN, vírus da hepatite A (VHA). A infeção pode ser assintomática, subclínica ou provocar doença aguda. A clínica é habitualmente autolimitada. O período médio de incubação é de 28-30 dias. 10% a 15% das pessoas tem sinais e sintomas prolongados e recidivantes até 6 meses. Sendo o principal modo de transmissão por via fecal-oral, ou por contacto interpessoal, a transmissão por via sexual tem sido descrita, nomeadamente assosiada a surtos em homens que fazem sexo com homens (HSH). Em fevereiro de 2017, foi identificado surto epidémico, inserido em surto a decorrer na Europa desde 2016. A quase totalidade dos casos foi identificada em HSH, durante o contacto sexual, por transmissão fecal-oral.

Caso clinico: homem de 51 anos, etanolismo moderado e contactos sexuais de risco; recorreu ao SU por nauseas, dor lombar, colúria e TT 37,5ºC. Exame objectivo: icterícia, TT 37,2ºC. Abdómen: hepatomegália 4-5 cm. Exames complementares: Hb:16 g/dL; Brb total: 9,6 mg/dL; Brb directa 6,8 mg/dL; AST:3092 U/L; ALT:4149 U/L; GGT:255 U/L; FA:118 U/L; INR:1,4; Factor V: 45,60%. Ecografia abdominal sugestiva de colecistopatia inflamatória/infecciosa. Foi então internado. Durante o internamento, das serologias virais testadas: positividade para VHA. A história epidemiológica e a pesquisa de RNA viral por método PCR revelou positividade para genótipo IA ( estirpe VDR_521_2016/ECDS), confirmando ligação epidemiólogica ao surto de VHA em HSH. A evolução no internamento foi benigna, com alta ao 10ºdia de internamento, referenciado à Consulta de Medicina. Uma semana após a alta, agravamento franco dos sintomas e do padrão de citocolestase: Brb Total: 28,33 ; Brb directa: 28,33; GGT:164; FA:130; AST: 2450; ALT: 2450. Reinternado neste contexto, confirmou-se recidiva de infecção VHA , excluindo-se sobre infecção por outro virus hepatotrópico. Realizou biópsia hepática transjugular: com aspectos morfológicos enquadrados em Hepatite A. Clinicamente assintomático atingiu valor de brb total máx. 50mg/dl) com descida muito lenta dos valores de transaminases e sem sinais de insuficiência hepática. Perante ausência de sinais de gravidade o doente teve alta. Dois meses depois em consulta, normalização do quadro clínico e laboratorial.

Discussão: A recorrencia ou recidiva da VHA é rara. O diagnóstico de recidiva deve ser feito com reserva, sendo necessário eliminar a possibilidade de infecção por outros vírus. O quadro clínico da doença na recidiva geralmente não difere daquele da doença inicial, mas há tendencia a maior colestase, como aconteceu neste doente.